sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Denúncias sob investigação

No AMAZÔNIA:

A Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe) vai instaurar inquérito para apurar as denúncias feitas pelo ex-diretor geral do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Miguel Wanzeller. Em entrevistas à imprensa, ele afirmou que laudos periciais seriam adulterados pela Polícia Civil, supostamente para encobrir crimes de execução e tortura. A determinação de abertura do inquérito partiu do delegado-geral de Polícia Civil, Raimundo Benassuly, que o fez por solicitação da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup).
A Segup quer, assim, que sejam devidamente esclarecidas todas as declarações feitas pelo perito, que agora, portanto, terá que provar suas acusações. A Delegacia Geral também irá encaminhar, ao diretor da Dioe, delegado Rogério Morais, CDs com declarações dadas por Wanzeller à imprensa.
Após ser exonerado do cargo pela governadora Ana Júlia, Miguel Wanzeller fez uma série de críticas. Em uma das mais graves, insinou que os laudos peritos emitidos pelo 'Renato Chaves' estariam sendo adulterados pela Polícia Civil. 'Se for execução sumária, sai como execução sumária, se for tortura sai como tal. Daqui (do ‘Renato Chaves’) saem como têm que ser, mas será que chegam aos destinos assim? Não estão ocultando nada?', indagou.
Ainda sobre os laudos, Miguel Wanzeler garantiu que, se permanecesse no cargo, enquanto membro do Consep (Conselho Estadual de Segurança Pública), se prontificaria a observar melhor os encaminhamentos desses documentos fora do CPC Renato Chaves. 'É preciso fiscalizar se estão dando o destino correto aos laudos, porque a perícia não pode servir para ocultar crimes, como ocorria na ditadura militar', disse. Ele também disse naquele momento que, se fosse preciso, iria até o Rio de Janeiro, para falar com mais segurança sobre suas denúncias. 'Tenho aqui dez temas para levar a público. Vou entregar relatórios para o Ministério Público, OAB, Poder Judiciário e outros', afirmou.
No mesmo dia, no início deste mês e em entrevista a este jornal, o titular da Segup, Geraldo Araújo, comentou as declarações de Wanzeller, classificando a conduta do ex-diretor geral como 'apego ao cargo'. Geraldo Araújo também comentou a insinuação feita por Wanzeller, sobre a possível alteração de laudos. 'Ele está insinuando que há manipulação de laudo, é isso? Mas ele foi o diretor do CPC Renato Chaves durante dois anos. Como é que ele compactuava com isso? Será que a Polícia Civil pega um laudo pronto e acabado e manipula os dados lá dentro? Isso é falsidade ideológica. O ‘Renato Chaves’ tem a cópia do laudo, que pode ser confrontado. Então, ele vai ter que demonstrar isso', acrescentou o titular da Segup.
Wanzeller também reagiu às declarações do secretário Geraldo Araújo. 'Ele trata a maioria das coisas sérias com deboche', comentou. Miguel Wanzeller explicou, depois, que não estava afirmando que a Polícia Civil manipulava os laudos emitidos pelos peritos, sobretudo os que apontam tortura e execução. O que ele quer saber, na verdade, é se as investigações conduzidas pelos policiais refletiram o que foi apontado nessas perícias. Segundo Wanzeller, há pelo menos 40 laudos emitidos pelos peritos daquele órgão que apontam para crimes de tortura e execução, mas ele não soube informar quantos desses documentos estão relacionados à ações praticadas pela Polícia.

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