Todos viram isso daí, nesta segunda (23), no início da tarde.
Na Almirante Barroso, na região entre as Travessas das Mercês e da Curuzu, em São Brás, grupos se enfrentavam no meio da rua.
A céu aberto.
Em plena luz do dia.
Portais jornalísticos de um modo geral, esmerando-se na linguagem técnica e imparcial, digamos assim, nominaram os envolvidos na briga como integrantes de organizadas, assim conhecidos grupos de torcedores de Remo e Paysandu.
Eis a arte jornalística de fazer com que criminosos sejam tratados de outra forma.
Porque as ditas organizadas, desculpem aí, nunca foram e nem serão grupos de torcedores.
Sempre foram e sempre serão gangues de criminosos.
De criminosos travestidos, isso sim, de torcedores. Ou vice-versa.
Nesta terra de ninguém, nesta terra sem lei como às vezes Belém se parece, até sentença transitado em julgado (ou seja, que não admite mais recursos), determinando a extinção pura e simples dessas gangues, já foi solenemente desrespeitada.
E as gangues continuam por aí, lépidas e fagueiras, aterrorizando todo mundo.
Por que continuam?
Porque se regalam com muitas complacências, como a da linguagem técnica e imparcial e, sobretudo e principalmente, com a complacência dos próprios dirigentes de clubes, que admitem, ora vejam só, ouvi-los atenta e educadamente nos momentos em que os times não vão muito bem nas competições que disputam.
Com tantas complacências, é impossível que a impunidade não triunfe.
E tanto é assim que, num dos textos publicados em jornal desta terça (24), o repórter registra que um dos 239 criminosos detidos nas arruaças de ontem deixou-se fotografar sorrindo ironicamente, expressando a certeza de que logo, logo estará na rua - ou no campo de batalha -, soltinho e livre para fazer novamente tudo o que fez e não poderia ser feito.
É assim, exatamente assim, que a impunidade alimenta essas ações criminosas.
Na mosca, amigo Bemerguy. Sempre nominei essas hordas como 'gangues organizadas'. Não são torcedores de futebol, longe disso.
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