Convite para o evento de bolsonaristas fascistas na aristocrática AP. E o MST, gente, quando terá espaço para bradar contra a concentração do latifúndio? Hein? |
Se você aí sempre teve um sonho de ser sócio da Assembleia Paraense, fique ligado numa promoção que se aproxima.
Ao que se diz, muitos sócios do dito mais aristocrático clube de Belém estão dispostos a passar em frente seus títulos de sócio-proprietário.
Eu, por aqui, estou me habilitando a adquirir um. Aceito por qualquer 2 mil contos. Pagarei em dez vezes, sem juros. Os interessados em se desfazer desse notável patrimônio podem me procurar, que a gente negocia.
A esperada promoção de venda de títulos da Assembleia Paraense é decorrente da indignação que está tomando conta de boa parte dos assembleianos - é assim que a chama a comunidade da AP? - diante da cessão, pelo clube, de seu salão para uma tertúlia, digamos assim, de Bolsonaro, sua mulher e aliados bolsonaristas - fascistas e golpistas. A manifestação está marcada para o dia 7 de maio.
A indignação entre muitos sócios é tão grande, segundo informa o portal Uruá-Tapera, da jornalista Franssinete Florenzano, que muitos já estão falando em vender seus títulos e boicotar até os shows musicais que ocorrem por lá.
Uma afronta afrontosa
Em que se ampara a indignação? Na afronta afrontosa a dispositivo do Estatuto Social do clube (veja aqui a íntegra).
O artigo 123, que integra as disposições do Título VI, é de uma clareza solar. Tão claro que até bolsonarista fascista é capaz de entender.
Diz o artigo: “Os órgãos dirigentes não adotarão qualquer atitude de proselitismo político-partidário ou religioso, reprimindo qualquer iniciativa neste sentido.”
Diante dessa afronta afrontosa ao regramento estatutário, o que fazem alguns diretores da Assembleia Paraense?
Dizem que o clube é democrático e, além disso, tem como prática antiga ceder seus espaços para eventos de natureza política, empresarial, casamentos, festas de 15 anos e outros regabofes. Mas, no caso da tertúlia fascista dos bolsonaristas, esses mesmo diretores reconhecem, humildemente compungidos: há quem goste e há quem não goste. Isso faz parte do jogo.
Tem espaço para o MST?
Então, tá!
Proponham-se duas questões singelas, singelíssimas, para os diretores bolsonaristas da AP que estão se escorando nessas justificativas:
Primeira questão: em que situação se aplicaria, concretamente, o artigo 123 para vedar a cessão do espaço a uma manifestação política nos recintos do clube? Outra coisa: se o ato bolsonarista não é proselitismo político-partidário, então em que situação concreta teríamos configurado o proselitismo político-partidário em dose suficiente para justificar a aplicação do dispositivo estatuário citado?
Segunda questão: considerando-se a prática tradicional de a Assembleia Paraense ceder seus espaços para eventos de várias naturezas - inclusive manifestações políticas -, o aguerrido Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) também pode se habilitar para fazer, na aristocrática e democrática Assembleia Paraense, uma ordeira e pacífica manifestação de protesto contra os latifundários paraenses?
Cinismo fascista
A justificativa de diretores da AP para a cessão do espaço a bolsonaristas fascistas, com base nas práticas comerciais antigas do clube, é de um cinismo atroz. Aliás, um cinismo típico de bolsonarista fascista, quando se orienta dentro de sua realidades paralelas.
E por que é uma justificativa carregada de cinismos bolsonarista?
Porque, independentemente de aplicar-se ou não o dispositivo estatuário, qualquer cessão do espaço está subrodinado, queremos crer, à adoção de critérios - inclusive, admita-se, os critérios subjetivos, que também comportam predisposições ideológicas.
Assim, se um grupo nazista, notoriamente nazista, tentasse alugar os espaços da AP para uma manifestação nazista, a Assembleia não cederia seus espaços. Cederia?
Sabe-se lá se não cederia mesmo.
Depois de escancarar suas portas ao bolsonarismo fascista, a Assembleia abre um precedente que poderá levá-la a escancarar-se com deleite para quem pagar.
De qualquer forma, aguardemos o resultado de uma reunião que está marcada para hoje à noite, convocada extraordinariamente para discutir-se a questão.
Caso a cessão do salão da AP seja mantida e os sócios irresignados resolvam leiloar seus títulos, a proposta feita inicialmente continua de pé: compro qualquer título de assembleiano por até 2 mil contos, dividido em dez parcelas.
Procurem-me!
Não se esqueçam de mim!
Estranho um esquerdista negacionista querer tão avidamente comprar um título de sócio de um clube fascista, será que também quer ver o bozo?
ResponderExcluirEsses mesmos sócios indignados não teriam pudor de carregar o Lula numa berlinda pelas dependências do clube em uma procissão que se propusesse a substituir o Círio da AP.
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