Arthur Virgílio, tucano dos mais notórios, anuncia apoio a Bolsonaro. O mesmo que o fez derramar lágrimas de revolta e indignação, no início da pandemia do coronavírus. |
No podcast Flow desta terça-feira (18), em que Lula foi entrevistado, o apresentador, Igor Coelho, disse em dado momento que acredita na política, mas não nos políticos.
Como ele, muita gente, jovens inclusive, dizem a mesma coisa.
Se todos esses descrentes conhecerem Arthur Virgílio, aí mesmo é que terão elementos fartos para continuar descrendo nos políticos.
Os mais antigos, ou mesmo os mais novos que acompanham política mais assiduamente, conhecem a trajetória política de Virgílio.
Ele é amazonense. Na juventude, chegou a militar no PCB. Mais tarde, projetou-se nacionalmente como um dos quadros mais notáveis do PSDB. Assim foi enquanto o partido esteve no poder, nos oitos anos do governo FHC, e posteriormente, sobretudo durante os oito anos do governo Lula, quando Virgílio, obviamente, era oposição.
Até que chegou a Covid-19, em 2020. A essa altura, o ex-senador era prefeito de Manaus. Em maio, portanto após dois meses após a eclosão da pandemia, Virgílio chorou e fez metade do Brasil chorar com ele, ao apelar por sensibilidade ao presidente da República.
Na época, o Espaço Aberto chegou a fazer a postagem sob o título de O choro de um prefeito desesperado tem como contraponto a torpeza e crueldade de um presidente. O comentário inclui o trecho da entrevista à CNN em que Virgílio chora. Vejam lá.
"É preciso ser uma pessoa muito cínica, uma pessoa muito insensata, para não sentir isso [revolta e indignação] no fundo do seu coração", disse então Virgílio, a voz embargada pelas lágrimas, diante das demonstrações clamorosas de debochoe, desrepeito e insensibilidade de Bolsonaro, que já chamara a pandemia de "gripezinha" e incentivava as pessoas a não ficarem em casa.
Pois é.
O Virgílio sensível, compungido, aterrorizado, comovido e revoltado com aquele a quem, com razão, condenava por ser cínico e insensível, saiu de cena.
No lugar desse Virgílio, entrou um outro, apoiador de Jair Messias Bolsonaro, que continua cínico, debochado, insensível, negacionista e mentiroso compulsivo.
Na última segunda-feira (17), Virgílio, em carne e osso, foi ao Palácio do Planalto e declarou apoio à candidatura de Bolsonaro. Fez mais: defendeu a privatização da Petrobras e disse ter mais semelhanças com Bolsonaro do que com Lula no campo econômico.
Vocês querem compreender a coerência política?
Então mirem-se no exemplo de Arthur Virgílio. E banhem-se nas suas lágrimas.
Vocês querem saber o que é coerência política? então mirem-se no Alckmin e banhem-se em sua indistinguível falsidade.
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