sexta-feira, 7 de outubro de 2022

"Se o presidente ganhar a eleição, cada um vai ter 200 contos no bolso", promete bolsonarista a empregados de sua empresa, em São Miguel do Guamá

A Polícia Federal indiciou um empresário dono de três cerâmicas sediadas no município de São Miguel do Guamá, na região nordeste do Pará. Ele aparece num vídeo propondo comprar votos de colaboradores de suas empresas. É a Operação “Duzentão”, que cumpriu mandado de busca e apreensão nesta quinta e sexta-feira (06 e 07/10), para prevenção e o combate aos crimes eleitorais, com apoio do Ministério Público do Trabalho e auditores fiscais do trabalho.

Num vídeo (veja acima, do qual o blog extraiu a imagem ao lado) distribuído pela PF, o homem, identificado como Maurício Lopes Fernandes Júnior, o “Da Lua”, dono da cerâmica Modelo, aparece prometendo a empregados de sua empresa pagar R$ 200 (daí o nome da operação) a qualquer um deles, no dia seguinte ao segundo turno, desde que votassem no presidente Jair Bolsonaro, candidato do PL à reeleição.

O empresário já assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), proposto pelo Ministério Público do Trabalho PA-AP (MPT) e terá de pagar R$ 150 mil. Desse total, R$ 50 mil serão destinados ao custeio de campanha de conscientização política direcionada aos empregadores, por meio das principais emissoras de rádio do Estado do Pará; e R$ 100 mil direcionados a projetos sociais a serem indicados.

"Em nem sei aqui nem todo mundo é Lula, não sei está dividido, metade com metade. Eu só sei o seguinte: nós tem que se unir (sic) pra que o Lula não ganhe", afirma Fernandes. Ele considera que a vitória de Lula representaria um risco para a sobrevivência das empresas e avisa que "eu sou um que tenho três cerâmicas aqui e já vou fechar as três se ele [o candidato do PT] ganhar."

Por fim, "Da Lua" faz uma proposta explícita a todos os colaboradores, diretos ou indiretos, de suas empresas, com carteira assinada ou não: "Se o presidente ganhar a eleição, cada um vai ter 200 contos no bolso e é só vir aqui na cerâmica receber, no outro dia de manhã".

O investigado foi ouvido pelo delegado chefe da operação, admitindo que era ele no vídeo. Por haver indícios de autoria e materialidade, foi feito o indiciamento por condutas relacionadas a crimes eleitorais. O empresário responderá em liberdade. Também foram ouvidos trabalhadores, que confirmaram a hipótese criminal de compra de votos, mas não a ameaça de demissão em caso de insucesso do candidato apoiado no pleito.

A Operação “Duzentão” obteve mandado de busca e apreensão, além de quebra de sigilo de dados. Foi feita análise de documentos no local, não sendo necessária a apreensão.

Mesmo após o primeiro turno das eleições, a Polícia Federal continua a prevenção e o combate aos crimes eleitorais que possam vir a interferir na livre manifestação dos votos para o segundo turno das eleições de 2022. Na última terça-feira (04/10), a Polícia Federal já havia realizado a Operação Feira Livre, para apurar a suposta compra de votos por cestas básicas no município de Vigia, nordeste do Estado.

Ressalta-se a importância da participação da sociedade ao denunciar situações que possam interferir na livre manifestação do voto, dentre outros crimes eleitorais. O telefone do plantão da Polícia Federal funciona 24 horas por dia no número 3214-8014.

Com informações da Comunicação Social da SR/PF/PA

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