sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Mentiroso compulsivo, Bolsonaro se escuda na condição de presidente para não ser preso

Bolsonaro: ele não vai à PF para depor porque não tem como provar suas mentiras

O País inteiro vive um novo frisson com a última do Bolsonaro.
E qual a última do Bolsonaro?
Esse sujeito, simplesmente, negou-se a cumprir uma ordem do ministro do Supremo Alexandre de Moraes para que depusesse, na Policia Federal, no inquérito aberto para investigar a divulgação feita pelo ocupante do Palácio do Planalto, em redes sociais, de dados e documentos sigilosos de um inquérito não concluído sobre ataques ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Comecemos do início.
Se fôssemos eu, tu, ele, nós, vós, eles, na condição de funcionários públicos, a cometermos esse ilícito, sobretudo em se tratando de um inquérito que se desenrola no âmbito da Polícia Federal, certamente que a esta altura do campeonato já estaríamos presos. Ou muito perto disso.
Porque é crime, não nos enganemos, fazer o que o presidente da República fez. E fez publicamente, durante uma live, não esqueçam disso.
No Código Penal, o artigo 325 prevê claramente que é crime um funcionário público "revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação". A pena é de seis meses a dois anos de prisão, ou multa, se o fato não constituir crime mais grave.
Então, se a lei é lei para qualquer agente público, por que não para o presidente da República? Por que ele não se digna cumprir a decisão de ministro da Corte Máxima do país de mandá-lo depor? Por que furtar-se às suas obrigações legais?
Pra mim, a resposta é simples: porque Bolsonaro é mentiroso e, além disso, é covarde. Mente à vontade, todo dia, o dia todo, mas se acovarda na hora de assumir as consequências de suas mentiras, seja atribuindo responsabilidades a terceiros, quartos ou quintos, seja quando, cheio de mimimi, acha que está sendo alvo de conspirações políticas, algo que só cabe nos portadores de manias persecutórias.
Não fosse mentiroso e nem covarde, Bolsonaro, ciente de suas responsabilidades como primeiro mandatário da Nação, seria o primeiro a fazer questão de provar que suas afirmações são verdadeiras. Seria o primeiro a provar que não é mentiroso. E nem covarde. Mas não. Muito pelo contrário.
Nesse caso específico, é indubitável que Bolsonaro cometeu um crime. E o inquérito da PF, se conduzido com independência e apreço à verdade, haverá de chegar a essa conclusão.
Isso porque o cidadão, tragado por suas compulsões, apresentou informações distorcidas na live em que tratou do inquérito sobre ataques ao sistema do TSE. As informações foram tratadas como se fossem definitivas, mesmo sem a conclusão do inquérito pela PF.
Pior ainda, Bolsonaro chegou a publicar um link com a íntegra do inquérito sigiloso, que a PF não tinha sequer concluído. O inquérito vazado diz que um hacker teve acesso ao código-fonte da urnas eletrônicas em 2018 - o que não gerou qualquer consequência, porque não possibilitou alterar a votação.
Eis o crime em apuração.
Ou eis o suposto crime em apuração (para não decepcionarmos os coleguinhas com mais apreço ao linguajar mais técnico e supostamente mais imparcial).
Suposto ou não, o certo é que o crime tem que ser apurado. E Bolsonaro, o mentiroso, precisa pagar pelas consequências de mais uma mentira sua.
E uma grave mentira.

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