segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Profissionais que atenderam Edmilson chegaram a temer que ele estivesse infartando. Exames complementares confirmaram hemorragia no tórax.

Edmilson Rodrigues, ao deixar o hospital na última terça-feira (19), após ser internado com Covid

Profissionais de saúde que atenderam Edmilson Rodrigues na casa dele, ainda no sábado, quando o prefeito começou a sentir fortes dores nas costas, quatro dia depois de ter recebido alta hospitalar do tratamento de Covid, chegaram a temer que o gestor estivesse apresentando sintomas característicos de um infarto.
Internado inicialmente na Beneficente Portuguesa, Edmilson recebeu alta na última terça-feira (19), 12 dias depois da internação. Mas, no sábado (23), precisou ser internado novamente, desta vez no Hospital Porto Dias, para drenar uma hemorragia na caixa torácica. Na manhã desta segunda-feira (25), conforme informou a Prefeitura, o prefeito foi submetido a um procedimento laparoscópico para cauterização e contenção de sangramento residual na caixa torácica que contribuirá para que sua recuperação seja mais rápida.
"Quando os recursos de Saúde chegaram à residência do prefeito, no sábado, ele apresentava um quadro de sudorese (suor) intensa e dores muito fortes nas costas, que se irradiavam até o pescoço e impediam até mesmo que ele conseguisse se manter de pé", contou há pouco uma fonte qualificada ao Espaço Aberto.
De acordo com o apurado pelo blog, o estado de Edmilson, ao receber socorro médico, revelava parâmetros objetivos que indicavam um infarto, e não hemorragia na caixa torácica, proveniente de uma contratura muscular, como se confirmaria posteriormente.
"O infarto é mais fácil de detectar, porque você monitoriza logo o paciente, instalando os eletrodos no peito. Então, todos os parâmetros de momento, na ocasião em que o prefeito foi atendido em sua residência, apontavam que ele estava infartando, eis que os parâmetros eletrocardiográficos do coração estavam visivelmente alterados", afirmou o profissional.
Logo depois de chegar ao Hospital Porto Dias é que veio a confirmação de que o problema que afetava Edmilson não era de natureza cardíaca. "Constataram-se que os padrões eletrocardiográficos alterados, o que caracteriza o infarto, foram em decorrência de um elevado estresse, causado pela dor, pela tensão, pela ansiedade, pelo desconforto. Então, aí confirmou-se que realmente ele não sofrera um infarto", acrescentou a fonte.
Esforço e contratura - Médica que exerce a profissão em São Paulo, com atuação intensa na linha de frente no combate à Covid, desde o início da pandemia até agora, aventou a possibilidade de que a contratura muscular na região da caixa torácica seja decorrência do esforço que um paciente contaminado pela Covid faz para respirar. "Quando a pessoa não consegue respirar normalmente, ela precisava de músculos acessórios, que estão na área do peito e das costas. Então, é possível, sim, que a contratura seja resultado desse esforço adicional que o paciente é obrigado a fazer", considera.
A médica paulista acha estranho, no entanto, a informação de que o prefeito passou foi submetido a uma laparoscopia para investigar um problema na caixa torácica, onde já chegou a ser feita uma cauterização para estancar a hemorragia. "Pode ser apenas uma imprecisão terminológica nas informações do Twitter da prefeitura, mas não vejo cabimento numa laparoscopia, que investiga o abdômen, para buscar a visualização do que está ocorrendo na caixa torácica de um paciente. Isso porque, de baixo para cima, temos o abdômen, o diafragma e a caixa torácica. Se o problema é no tórax do prefeito, o procedimento indicado seria uma toracoscopia, e não uma laparoscopia", explica a médica.
Outra médica, esta residente em Belém e igualmente com intensa atuação no atendimento hospitalar de pacientes acometidos de Covid, avalia como plausível a informação difundida nas redes oficiais da Prefeitura, de que a administração de medicamentos antiacoagulantes é a causa mais provável da hemorragia na cavidade torácica de Edmilson Rodrigues.
"Quando submetemos um paciente a um tratamento mais rigoroso, precisamos avaliar os riscos e os benefícios. Quando os benefícios são maiores que os riscos, corremos os riscos. Nesse caso, o grande benefício de anticoagulantes é evitar que a pessoa tenha um tromboembolismo, que pode levar à morte. Mas há o risco de que o paciente venha a sofrer uma hemorragia. Então, é isso que deve ter acontecido: pode-se ter sido avaliado que o paciente corria um certo risco de sofrer hemorragia em consequência de medicamentos anticoagulantes. Mas os benefícios de evitar que ele sofresse uma tromboembolia pulmonar mostraram-se maiores que os riscos, daí o tratamento seguido no caso do prefeito", explicou a médica.
A profissional garante, no entanto, que o caso clínico de Edmilson tem todas as características de que a hemorragia não é decorrente da Covid. "Não podemos considerar isso uma sequela do coronavírus, e sim o resultado de parte da medicação ministrada, ou seja, os antiacoagulantes", reforça a médica.

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