terça-feira, 20 de abril de 2021

O que dirão governadores à PGR sobre a desativação de hospitais de campanha, inclusive no Pará?

Equipamento do hospital de campanha de Santarém, reativado em fevereiro, em meio
à segunda onda da pandemia. Por que foi desativado? A PGR quer saber (foto Agência Pará)

Se vivêssemos, todos nós, no Reino Encantado da Transparência, certamente teríamos acesso às respostas que governadores de estado terão obrigatoriamente de prestar à subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

Foi ela, ninguém esqueça, quem pediu a teve deferida pelo STJ a deflagração da Operação SOS, que no ano passado apurou a compra de respiradores imprestáveis da China pelo governo Helder Barbalho.

A doutora endereçou uma série de questionamentos a governadores de todos os estados do País, tão logo confirmou-se a instalação pelo Senado, por determinação do Supremo, da CPI da Covid, que está deixando Bolsonaro mais amalucado, mais fora dos eixos e do prumo do que sempre foi.

Um dos questionamentos da subprocuradora é bem interessante, como também pertinente e atualíssimo.

Ela escreve no ofício: "Esclareça-se ainda porque os Excelentíssimos(as) senhores(as) Governadores(as) entenderam que ocorreu o fim da pandemia de Covid-19 entre setembro e outubro de 2020 com a consequente desativação dos referidos hospitais bem como o prejuízo causado ao erário, não só em relação às vidas com a falta atual de leitos como o decorrente da verba mal utilizada."

Pois é.

Nesta postagem aqui, publicada em 19 de fevereiro deste ano, portanto há dois meses, o Espaço Aberto perguntou o seguinte, logo após ser reativado o hospital de campanha em Santarém, àquela altura vivendo um contágio avassalador na segunda onda da Covid:

* Até quando o hospital de campanha de Santarém vai continuar montado e apto para receber pacientes que são vítimas da pandemia?
* Por que não deixar esse hospital montado até a 15ª onda dessa pandemia, que ninguém quando virá (mas, dizem os especialistas, é certo que virá)?
* Se um hospital de campanha do porte desse, agora entregue em Santarém, não pode passar muito tempo inativo, ou seja, sem receber um número mínimo de pacientes, porque isso demanda custos para a Administração, alguém pode dizer quais os custos - inclusive em perda de vidas humanas - de não termos leitos disponíveis, a tempo e a hora, a cada nova onda que vai chegando e colapsando o sistema hospitalar?

Todas essas perguntas ainda estão irrespondidas até agora. Não só em relação ao hospital de campanha de Santarém, como a outros hospitais, em qualquer lugar - no Pará e fora dele -, que foram desativados inexplicavelmente quando a pandemia demonstrou sinais de arrefecimento, a partir de setembro.

Seria bom, muito bom, sabermos o que governadores vão responder à Procuradoria-Geral da República.

Mas não saberemos, muito provavelmente.

Porque ainda estamos longe, muito longe, de viver no Reino Encantado da Transparência.

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