Com a decisão do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, negando a concessão de liminar pleiteada por governistas para afastar o parlamentar alagoano, as portas do Judiciário parece que se fecharam completamente para as pretensões bolsonaristas de mudar a relatoria.
Mas é no campo da própria CPI que os aliados do Planalto juntam munições para testar se a comissão, como vendo sendo dito por vozes oposicionistas, está mesmo disposta a apurar toda e qualquer transgressão no combate à pandemia, seja no âmbito do governo federal, seja na esfera dos governos estaduais e de prefeituras, desde que tenham recebido verbas da União.
Dois alvos - A estratégia bolsonarista está clara: os principais - como também os primeiros - alvos dos governistas serão os governadores Renan Filho, de Alagoas, e Helder Barbalho, do Pará, filhos, respectivamente, de Renan Calheiros e Jader Barbalho.
A tropa de Bolsonaro, diminuta mas disposta a fazer barulho, quer testar como será a postura dos dois emedebistas, quando seus filhos estiverem no olho do furacão de averiguações e questionamentos sobre o uso de verbas federais para o combate à pandemia.
A demonstração evidente de que Bolsonaro pretende sair da defensiva e está colocando a faca nos dentes foi a revelação de que pelo menos 11 requerimentos protocolados na CPI por senadores aliados do governo foram, na realidade, produzidos por funcionários do Palácio do Planalto.
No caso de Helder, há uma particularidade: se ainda no curso da CPI ele vier a ser denunciado pela Procuradoria Geral da República, por irregularidades descobertas durante as Operações Para Bellum e SOS, deflagradas pela Polícia Federal no ano passado, esse fato representará não apenas um enorme desgaste político para o governo do Pará, como também será um motivo adicional para que ele seja, como diríamos, tragado para o centro da CPI.
E uma denúncia da PGR em breve não está descartada, uma vez que Helder e mais sete envolvidos já foram indiciados em fevereiro. E na semana passada, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, a mesma que pediu ao STJ, e teve autorizada, a deflagração das operações realizadas no ano passado, no Pará, já denunciou o governador do Amazonas, Wilson Lima, e mais 17 pessoas pelos crimes de organização criminosa e peculato, cometidos no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no estado.
Ex-chefe do MP convidado - Tem mais: o jornal O Estado de S.Paulo informou que o promotor de Justiça Gilberto Valente Martins, que até recentemente exerceu as funções de chefe do Ministério Público do Pará, será convidado para comparecer à CPI para falar sobre o repasse de verbas federais transferidas para o estado combater a pandemia. O requerimento já foi apresentado pelo senador Jorginho Mello.
Martins, como se sabe, terminou sua gestão na condição de arquiinimigo do governo do estado, após propor uma ação de improbidade contra Helder e mais nove pessoas, por alegadas irregularidades na aquisição de 1.600 bombas de infusão, no valor de R$ 8,4 milhões, para o combate à pandemia do coronavírus. O promotor também ajuizou ação contra o governador pela compra de respiradores imprestáveis.
Ninguém se engane: a CPI, como um instrumento político de investigação, vai naturalmente estimular contendas e acertos de contas de natureza política.
Simples assim.
Postagem bem esclarecedora. É o jogo do poder sendo jogado sobre milhares de vidas perdidas. Mas esses podres poderes serão castigados pela história no tempo.
ResponderExcluirO Parsifal não vai ser chamado? Ele deve saber de muita coisa.
ResponderExcluirO Beto e a Izabela Jateve não vão ser chamados? E o Dudu? Eo Jateve? Eo Zenada? E a tucanalha?
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