segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Por que os bons morrem? Por que os bons como Cláudio-Epaminondas têm que morrer?



Por que os bons têm que morrer.
Por que é preciso fenecer a vida dos que são bons?
Por que morre uma pessoa como Cláudio Rendeiro?
Eu soube de sua morte por volta das 7h30 desta segunda-feira através de uma amiga, que me pediu para não divulgar de imediato essa perda horrível. Mais uma perda decorrente da Covid-19.
Era preciso esperar um pouco.
Cláudio Rendeiro com os filhos: legado de cidadania,
de bons exemplos e de muito humor
Estou divulgando apenas agora, quase cinco horas depois.
Nessas ocasiões, esse é o lapso  mínimo de tempo necessário para que possamos refletir sobre a finitude da vida e, afinal, sobre por que os bons têm que morrer.
Não conheci Cláudio Rendeiro pessoalmente. Mas aprendi a admirá-lo no personagem que ele passou a encarnar, Epaminondas Gustavo, o caboclo paraense, com seu linguajar próprio, marcante e único, com seu jeito de ser hospitaleiro, verdadeiro, despachado e de muita sabedoria.
A mesma amiga que me informou sobre a partida de Cláudio-Epaminondas mandava-me, com frequência, seus áudios matinais, disseminado entre grupos de fãs que ele tinha no WhatsApp.
Eram áudios com bons dias temperados com muito bom humor e otimismo. Impossível não compartilhá-los com amigos.
Pessoalmente, tive a ventura de vê-lo pessoalmente em duas oportunidades.
A primeira, em maio de 2018, na Justiça Federal, num stand up de Epaminondas no encerramento de evento que reuniu oficiais de Justiça.
A segunda foi em outubro, também em 2018, quando assisti, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur, ao show Confrenti com Epaminondas, dirigido por meu amigo Ailson Braga.
"Égua, mano. Eu perdi um amigo. E o mundo, o Pará, o Brasil perderam um humorista maravilhoso, um cara sempre feliz, inteligente. E dentro de sua própria área, a magistratura, era um cara muito safo. Estou arrasado. A ficha ainda não caiu direito. Eu jurava que ele ia escapar", disse-me há pouco Ailson, entre lágrimas.
Pois é.
Todos estamos arrasados.
Para todos nós, a ficha ainda não caiu direito.
Todos esperávamos que ele fosse escapar.
Mas não deu.
Não deu para mantermos a companhia física de Cláudio-Epaminondas, de Epaminondas-Cláudio.
Mas temos muitos, incontáveis exemplos que ele nos legou. E assim poderemos cultivar ótimas, positivas e edificantes lembranças suas.
Não temos como deixar de tornar imorredouro  o exemplo de um cidadão que, em mais de 25 anos na magistratura, coordenou o “Começar de Novo”, projeto do Tribunal de Justiça do Pará, promovendo a reinserção social de presos, a fim de prevenir a reincidência da prática de crimes. Também trabalhou na interiorização da Vara de Execução Penal de Penas e Medidas Alternativas em 12 comarcas.
E o artista?
Na pele de Epaminondas Gustavo, Cláudio Rendeiro reuniu elementos da cultura paraense para divertir o público e ajudar a destrinchar, a traduzir o “juridiquês” a qualquer pessoa (assistam ao vídeo acima). Ele chegou a protagonizar campanhas, shows de stand-up, eventos e peças publicitárias, destinando 100% de seu cachê a instituições de caridade.
Por essas e outras lembranças, o tempo é de chorar, sim.
Mas, chorando, devemos festejar o fato de que Cláudio-Epaminondas, chegando ao fim da vida, deixa a todos os paraenses que tiveram a ventura de conhecê-lo um legado precioso que inclui ações de cidadania, gargalhadas e ótimos e divertidíssimos momentos que todos tivemos com ele.
Mas, sinceramente, fica aquela pergunta: por que os bons têm que morrer?

Um comentário:

  1. Só Deus sabe, perdemos uma grande pessoa humana, vai fazer muita falta.

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