quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Cangaço em Cametá desmoraliza o aparato de segurança e desafia o estado a aperfeiçoar mecanismos que evitem a repetição de cenas pavorosas

Convenhamos: cenas de cangaço, neste Pará continental, inseguro e com a população submetida a um clima de violência assustador, não é muita novidade.

O que é novidade é vermos, como vimos na madrugada desta quarta-feria (02), o modus cangaço de fazer assaltos sendo praticado, em sua plenitude, em Cametá, uma das maiores cidades, senão a maior, da região do Baixo Tocantins.

Apenas neste ano, segundo dados fornecidos pela polícia, o estado registrou mais dois outros assaltos semelhantes ao ocorrido em Cametá: um em Ipixuna do Pará, em 30 de janeiro, outro em São Domingos do Capim, em 3 de abril. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, "praticamente todos os envolvidos" foram presos. Mas de 2017 a 2020, vejam só, nada menos do que 51 assaltos desse foram registrados no Pará.


É simplesmente estarrecedor. Em Cametá, a quadrilha com pelo menos 10 criminosos assaltou uma agência do Banco do Brasil. Usando moradores da cidade como escudo humano, os bandidos atacaram o 32º Batalhão da Polícia Militar do Pará. Um dos reféns morreu. O bando usou armas de alto calibre e explosivos. Consumado o assalto, os bandidos fugiram de carro e, depois, em barcos.


Vejam, no vídeo, cenas aterrorizantes.


O que significam especificamente essas cenas de cangaço?


Significam que, diferentemente dos que agiram em cidades menores, como Ipixuna e São Domingos do Capim, os cangaceiros-bandidos, ou bandidos-cangaceiros, que agiram em Cametá demonstraram um grau de audácia muito, mas muito maior que em ocorrências anteriores.


O fato de um quartel de uma cidade de médio porte no Pará, como Cametá, ter sido alvo da sanha de uma quadrilha bem armada representa um ataque a todo o aparato de segurança disponível para prevenir ou mesmo reprimir situações do gênero.


Ver uma quadrilha que acaba de aterrorizar uma cidade escapar da cena do crime em carros e barcos, como está sendo dito, é algo apavorante porque demonstra o altíssimo grau de planejamento que permeou a ação criminosa e tornou-a exitosa (para os bandidos, é claro). Porque, independemtente dos valores eventualmente roubados do banco), eles conseguiram empreender fuga. Sãos e salvos, deixando para trás uma cidade traumatizada.


Os desafios para o governo do estado se resumem nisto: elucidar o cangaço ocorrido em Cametá, prendendo os membros da quadrilha, e detalhar com maior transparência que elementos poderão ser oferecidos à população sobre quais ações preventivas estão sendo adotadas, sobretudo na área da Inteligência, para evitar que registros do gênero se repitam em outros municípios paraenses. Inclusive os maiores que Cametá.

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