Convencionou-se, de uns tempos para cá, que as fake news, o abuso de poder econômico e o baixo nível de educação de um enorme contingente de eleitores seriam fatores decisivos para desvirtular o regime democrático e contaminar a credibilidade da representação popular.
Esses fatores são, sim, decisivos. Mas não apenas eles.
A farra de pesquisas eleitorais é algo que precisa ser olhado com atenção, por se constituir numa prática danosa, lesiva e criminosa, com potencial de manipular segmentos da opinião pública e, em consequência, interferir na exercício do mais notável direito garantido pelas democracias legítimas - o de votar livremente.
Na última sexta-feira, 30 de outubro, O Globo publicou, como matéria de capa, ótima reportando que lança uma réstia de luz sobre sobre o frenesi de pesquisas que está tomando conta destas eleições.
"Enquanto os olhos do TSE estão voltados para o combate à desinformação, um esquema capaz de influenciar os resultados eleitorais cresce a cada dia no país, principalmente nas pequenas cidades. O número de pesquisas bancadas pela própria empresa que realiza o levantamento praticamente triplicou este ano, segundo dados do próprio tribunal. Até ontem, 3.499 pesquisas foram registradas nesse molde - 174% a mais na comparação com o mesmo período em 2016 (1.279), diz a matéria, assinada pelos repórteres Pedo Capetti e Rayanderson Guerra.
Eles apuraram elementos comprovando acusações de ofertas de resultados fraudulentos, levantamentos feitos a partir de formulários do Google e Facebook e uso de dados falsos de estatísticos. "Ao informarem que realizaram as pesquisas com verba própria, sem contratante externo, os institutos não precisam prestar contas sobre a origem do dinheiro. Há casos de levantamentos feitos por empresas que declararam à Receita Federal ter como atividade o transporte com uso de vans e a filmagem de casamentos", continua a reportagem de O Globo.
Investimento de R$ 650 mil - Um exemplo impressionante é o do Ipop Cidades & Negócios. Em oito meses, segundo o jornal, esse intituto investiu R$ 650 mil em 350 pesquisas, em 192 cidades - todas praticamente com o mesmo custo, de R$ 2 mil, independentemente do tamanho da amostra e do local. Bem mais que o capital social que foi aberta em fevereiro deste ano, de R$ 150 mil. Na última semana, a empresa registrou 114 pesquisas no TSE, com a previsão de ouvir 57 mil pessoas.
O dono do instituto, Márcio Rogério Pereira Gomes, foi o titular de outra empresa, que figurou no topo das pesquisas autofinanciadas em 2016. Ele foi condenado recentemente a sete meses de prisão, em regime aberto, e ao pagamento de R$ 213 mil por divulgação de pesquisas fraudulentas relativas às eleições municipais de quatro cidades no interior de São Paulo.
Pesquisa são meros indicadores, são bússolas que indicam certas tendências, que às vezes se mostram mais agudas, outras vezes nem tanto.
Mesmo assim, e ainda que não disponham de instrumentos para tornar exatos e inapelavelmente imutáveis suas aferições, pesquisas devem obedecer a mínimos, básicos, elementares critérios ou padrões técnicos.
Quando se amparam nesses quesitos, pesquisas eleitorais se credenciam a demonstram uma fotografia do momento em que foram realizadas.
Do contrário, teremos mais e mais criminosos aproveitando-se de disfarces e maquiagens estatísticos para ganhar dinheiro criminosamente, como mostra a reportagem de O Globo.
Rapaz, nesta mesma pegada tem várias arapucas dessas realizando pesquisas a torto e a direito no interior do Pará. Sem falar em Belém , aonde cada candidato apresenta um número que está na frente. Com a palavra o MP e o TRE. Ou valha-nos quem!??
ResponderExcluirEleições municipais 2020, praticamente em todo o Brasil é possível constatar um aumento de criminosos candidatos ou financiadores de campanhas. Aumento dos crimes de assassinatos e atentados contra candidatos e cabos eleitorais comprovam isso. Criminosos do tráfico de drogas e milícias escancaradamente impõe severas regras e punições contra populações de áreas mais carentes em infraestrutura e segurança pública.
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