segunda-feira, 15 de junho de 2020

"Até agora, não sei do que estou sendo acusado”, diz Beltrame a deputados, sobre a compra de respiradores imprestáveis


O secretário de Saúde, Alberto Beltrame participou, nesta segunda-feira (15) à tarde, da primeira reunião que a Assembleia Legislativa criou para acompanhar os gastos no enfrentamento à pandemia da Covid-19 e disse ignorar as razões pelas quais está sendo acusado da prática de supostas irregularidades na compra das 152 respiradores imprestáveis pelo governo Helder Barbalho. O Espaço Aberto apurou que ele entrou na reunião mais de 1 hora e meia depois do início da videoconferência.

"Até agora, não sei do que estou sendo acusado, a investigação não deu acesso a nada para que possamos nos defender", falou. "Mas não há nenhuma razão para pensar em um afastamento da secretaria", disse Beltrame, segundo matéria disponível no site da Alepa. O secretário-adjunto de Gestão Administrativa da Sespa, Peter Cassol Silveira, foi apanhado na última quarta-feira (10), pela Operação Para Bellum, com R$ 750 mil em casa, guardados dentro de um cooler.

Beltrame explicou todo o processo de compra dos respiradores e garantiu que os valores praticados foram os de mercados, "mas esses valores já estavam acima do normal por causa da pandemia. Foi uma decisão de gestão, comprar o que era necessário imediatamente ou conseguir preços mais baixos, mas com uma espera de seis meses para receber os produtos", avaliou Beltrame.

A comissão, presidida pelo deputado cassado Iran Lima, reuniu-se pela primeira vez depois de contundentes cobranças feitas por parlamentares, que acusaram o colegiado de estar sendo omisso, num momento em que o estado entra para o noticiário nacional, em decorrência da Operação Para Bellum, na última quarta-feira (10).

Além do titular da Sespa, estiveram presentes à reunião a secretária de Estado de Planejamento e Administração, Hanna Ghassan; o auditor-geral do Estado, Giussepp Mendes; e a procuradora adjunta da Procuradoria Geral do Estado, Ana Carolina Peracchi.

Nesta segunda-feira (15), intensificaram-se as pressões pela demissão do secretário, mas por enquanto ele se mantém no cargo, muito embora Cassol e outras duas servidoras da Sespa tenham sido exonerados no mesmo dia da operação da PF.

Fogo cerrado - A presença de Beltrame à reunião da comissão dificilmente amenizará a insatisfação do Legislativo com o secretário de Saúde do governo Helder Barbalho. Na sessão de quarta-feira passada, mesmo dia em que foi deflagrada a Para Bellum, vários parlamentares fizeram críticas severas, sobretudo três deles – os oposicionistas Eliel Faustino (DEM) e Delegado Caveira (PP) e o governista Júnior Hage (assista ao vídeo).

Hage chegou a dizer que “Beltrame foi um secretário de Saúde que veio de fora, que nós não conhecíamos e que fez questão, inclusive, de deixar claro que não tinha interesse nenhum em conhecer a classe política paraense. Nunca respeitou esta Casa. Mesmo quando ia a convite, e não convocado, sempre criou um distanciamento.”

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