sexta-feira, 29 de maio de 2020

Nas asas da esperança

Por Francisco Sidou, jornalista


O governador Helder Presente anunciou apoio oficial ao Festival de Cinema em Alter-do-Chão, realizado sem muita repercussão em outubro/2019, projeto apresentado pelo deputado federal paraense Airton Faleiro e avalizado pela jovem secretária de Cultura, Ursula Vidal.

A iniciativa foi das mais louváveis para impulsionar o turismo naquele aprazível recanto de um país chamado Pará, abençoado por Deus e pela própria Natureza. O único problema para se alcançar maior sucesso l em tal empreendimento foi a falta de suporte nos transportes para chegar lá. Com o fim das empresas aéreas regionais, como a Paraense Transporte Aéreos (PTA) e a Taba , engolidas pelo gigantismo das grandes voadoras, que determinam, por força de seu poderoso lobby , a distribuição das linhas que desejam operar, no caso só o "filé", muitas cidades da Amazônia ficaram sem voos regulares.

Santarém, por exemplo, ainda é servida por alguns voos nacionais. Mas outros municípios do Pará e da Amazônia só podem ser visitados por turistas em barcos e navios , em viagens de longa duração. No caso de Santarém, há situações em que o passageiro embarca no avião em Belém e faz uma estranha escala em Brasília.

Os custos das passagens aéreas estão nas alturas, justamente por falta competição saudável no mercado aéreo. O turismo na Amazônia só irá decolar com o ressurgimento de empresas aéreas regionais, com linhas interligando as cidades do hinterland. E o avião mais adequado para a nossa região é o modelo anfíbio. Nos tempos da Panair do Brasil, eles eram as estrelas da Companhia. Transportavam passageiros, cargas leves e ainda interligavam a Amazônia com o Correio Aéreo Nacional. Não se trata de saudosismo, mas de uma constatação de que eles poderiam continuar prestando valiosos serviços às populações ribeirinhas e amazônicas,a custos bem menores que os gigantes do ar.

Existem hoje operando nos Estados Unidos, na Europa e na China modernos hidroaviões (como nas imagens), prestando inestimáveis serviços no interior daqueles países. A nossa sugestão ao Governador Hélder Presente é a seguinte: por que não juntar esforços com os seus colegas governadores do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima,também com suas bancadas de parlamentares no Congresso Nacional na apresentação de um projeto de lei abrindo o mercado aéreo na Amazônia para operação de empresas regionais?

Certo que as grandes empresas não querem, mas também elas vão acabar percebendo que o mercado na Amazônia é diferenciado e pode ser operado com muito maior sucesso e lucro com aviões anfíbios. Caso não se interessem, os chineses estão ávidos para investir em modais de transportes na Amazônia.

Se viver é preciso, como dizia o poeta, sonhar também é preciso...

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