Para não incorrer em avaliações apressadas,
esperei 24 horas (como faço muitas vezes) para digerir precisamente a essência
do primeiro pronunciamento do novo ministro da Saúde, Nelson Teich.
Esperei 24 horas, as 24 horas chegaram e, sinceramente, ainda não captei a vossa mensagem, como diz o
bordão impagável de Rolando Lero (interpretado inicialmente pelo saudoso Rogério
Cardoso), aquele personagem, também impagável, da Escolinha do Professor Raimundo.
Teich disse que seu objetivo é a sociedade
voltar a uma vida normal. Mas não era esse o objetivo de Mandetta? Não será esse
o objetivo de qualquer ministro da Saúde, no Brasil e além-fronteiras? Não é esse o sonho de qualquer cidadão brasileiro?
O ministro descartou qualquer mudança “brusca”
sobre o distanciamento social, e disse que precisa de mais dados sobre o avanço
da doença.
“Não vai haver definição brusca, radical (...) O
que é fundamental hoje? Que a gente tenha informação maior sobre o que acontece
com as pessoas, para tomar cada ação”, afirmou.
Informação maior?
Mas que informação? Ou quais informações?
Há mais de um mês que o coronavírus já chegou ao
Brasil. Está fazendo um mês que o primeiro paciente vítima da doença morreu.
Quais são as informações (inéditas, presume-se) de
que o novo ministro se ressente ?
Teich disse que saúde e economia têm de ser
tratadas juntas, mas destacou que pautará seu trabalho pela “ciência”.
Que novidade há nisso?
Está certo que alguns círculos do governo
Bolsonaro acreditam que ciência é questão de opção e ideologia. E tanto é assim
que, nesses círculos, acreditar que a Terra é redonda é coisa de petistas,
comunistas e esquerdistas de um modo geral; porque a Terra, eles têm certeza, é
completamente plana.
Mesmo com essas, digamos, excentricidades
espantosas, não se acreditaria que um ministro da Saúde com a reputação
profissional de Nelson Teich, um médico muito respeitado no seu meio
profissional, fosse desviar-se da convicção de que a ciência é que precisa
orientar as ações neste momento, inclusive no balizamento dos esforços para
encontrar-se seja uma terapia médica, seja uma vacina para combater com
eficácia o coronavírus Covid-19.
Diante de todas essas dubiedades em torno das
primeiras manifestações de Teich, é melhor mesmo esperarmos para ver o que ele
vai fazer de concreto.
E precisará fazer muito de concreto. Todo dia, o
dia todo.
Até que Bolsonaro se enjoe dele.
Se é que já não enjoou.
Porque, vocês sabem, Mito é Mito.
E o
resto é apenas maluquice – uma atrás da outra.
BREJO HOSTIL
ResponderExcluirBrava, até que aquela gente tentou ser
Raiou a Liberdade no horizonte
E aqui não chegou: foi retida por pencas de
Justos Veríssimos, seres terríveis, replicantes e
Ocupantes dos Poderes até os dias de hoje
Horizonte cada vez mais distante
O morrer pelo Brasil continua
Servil temor também: falanges oportunistas
Tramando ganhos e eleições, enquanto o vírus
Infecta e mata milhares, entre milhões de
Largados ao deus-dará
AHT
17/04/2020