quinta-feira, 23 de abril de 2020

Caixões, mortos, enterros. Parem com isso e abram o picadeiro. Chamemos Bolsonaro.

O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino 

O Brasil inteiro emplacou, nesta quarta-feira (22), o número de quase 3 mil mortes em decorrência do Covid-19.
O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) diz o que nós, jornalistas (esta raça conspiracionista, vocês sabem), não devemos fazer.
“Com todo respeito, no jornal da manhã, é caixão, é corpo. Na hora do almoço, é caixão, novamente, e corpo. No jornal da noite, é caixão e corpo, é número de mortes. Eu pergunto a todos: como vocês acham que uma senhora de idade, uma pessoa humilde ou pessoa que sofre de alguma outra enfermidade, ela se sente com esta maciça divulgação de informações negativas? Isso não ajuda. Ninguém aqui está dizendo que tem que esconder”, choramingou o ministro.
Ele não está dizendo que a Imprensa precisa esconder nada?
Ainda bem, ministro.
Então, o que devemos nós, jornalistas, fazer para instilarmos, digamos assim, um pouco de ânimo, de otimismo e relaxamento nesse povo tão sofrido, que está sendo vítima de uma gripezinha que pode ser curada com Melhoral Infantil?
Devemos contar a última do Bolsonaro?
Devemos contar, para divertir o distinto público, sobre o último deboche desse personagem verdadeiramente mitológico que nasceu para provar, com régua e compasso, que a Terra é de uma planura sem fim?
Devemos dizer que até agora morreram apenas 3 mil pessoas?
Devemos incentivar esse bravo povo brasileiro a voltar logo às ruas, entupindo shoppings, porque, afinal de contas, a economia não pode parar?
Devemos dizer que a economia não deve morrer, ainda que morram apenas 3 mil, 10 mil, 30 mil pessoas?
Devemos minimizar o fato de que o sistema de saúde no Brasil está caminhando celeremente rumo ao colapso – e não apenas no Amazonas, mas em vários outros estados, inclusive o Pará?
Se 3 mil mortos – e sempre subindo, subindo, subindo e subindo – já não é uma tragédia para essas excelências que nos governam, o que será tragédia, afinal. Será vermos apenas 300 mil pessoas – mais ou menos?
É isso?

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