segunda-feira, 18 de março de 2019

Médicos se revoltam contra o que consideram “farra” de gastos nos CRMs


Grupos de WhatsApp que reúnem centenas de médicos de Belém está vivendo, nos últimos dias, momentos que misturam espanto e irresignação, diante da dinheirama que será movimentada, durante este ano de 2019, no Conselho Federal de Medicina e nos Conselhos Regionais de Medicina, incluindo o do Pará.
Os orçamentos aprovados, em todo o País, somam a fábula de quase R$ 800 milhões, como se vê na tabela acima, mandada para o Espaço Aberto. No caso do CRM do Pará, os recursos disponíveis serão da ordem de R$ 12,7 milhões, o maior em toda a Região Norte, quase o dobro do Amazonas, que vem logo em seguida, com R$ 6,3 milhões.
Os orçamentos foram aprovados em dezembro do ano passado, através da Resolução 2.225/2018, do Conselho Federal de Medicina, e estão disponíveis na própria página do CFM. Numa conta rápida, se considerado o valor orçamentário global, de R$ 799,295 milhões, o sistema torra durante um ano nada menos do que R$ 2,220 milhões diariamente.
Três médicos com os quais o blog conversou se mostram indignados porque, segundo argumentam, não há justificativas para que se exijam dos profissionais uma anuidade tão alta, no valor de R$ 750,00 para pessoas físicas e de R$ 1.600,00 para as pessoas jurídicas. Atualmente, estão cadastrados no CRM do Pará cerca de 15 mil médicos em todo o estado.
A indignação aumentou depois que passou a circular, também em grupos de WhatsApp, uma relação com gastos de passagens aéreas emitidas em favor de dezenas de conselheiros federais e de vários estados, além dos parentes de vários deles.
“É uma farra grande. Você imagina os grandes estados. A grana é muito alta, é absurda. Por isso tem essa farra toda com passagens. Isso não serve pra nada. Eu, pelo menos, sou lembrado apenas a cada início de ano, porque tenho que pagar um boleto de pessoa física e jurídica. Eu, como vários colegas do Pará, apoiaríamos hoje se fosse instaurada uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] para investigar a administração desses recursos pelos CRMs de todo o País. Porque os CRMs estão sendo, a meu ver, uma espécie de sindicato especializado”, desabafou um dos médicos ouvidos pelo Espaço Aberto e que prefere não se identificar.
Entre boa parte da classe médica, as altas anuidades e a revelação de gastos astronômicos nos CRMs dão gás a uma proposta apresentada em janeiro deste ano para simplesmente extinguir o pagamento de anuidade de todos os conselhos de classe profissionais, como é o caso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e muitos outros.
De acordo com o projeto, o pagamento anual é similar à forma de como o imposto sindical era cobrado, e que acabou sendo extinta na última reforma trabalhista.

2 comentários:

  1. OAB, CRM, CREA, CAU, CRA, CRC, CRECI, CRF, CRO o resto são os primos pobres18/3/19 19:07

    No país das jabuticabas tudo se plantando dá!
    Se não dá para plantar, os votos produzem frutos exuberantes para a minoria exímia em engabelar a boa e a má fé dos viventes votantes.

    Não apenas o CFM e CRMs conseguem arrecadar e justificar gastos absurdos, outros Conselhos Federais e Regionais também contam com invejáveis receitas em troca de pouco retorno às respectivas classes representadas, e menos ainda para a sociedade. É mais do que sabido que aqueles que se apoderam das gestões dificilmente largam o osso, e sabem muito bem gerir a dinheirama também em proveito próprio ou, no popular, o "por fora", não somente fazer viagens nacionais e internacionais regadas a lazeres próprios para quem tem muito dinheiro à disposição. E quando vergonhosos problemas e faltas graves acontecem, lá vem o poderio corporativista e lobista justificando suas permanências nos Conselhos. Eleições para esses Conselhos são meras formalidades e facilitadas pela grande maioria de representados comodistas, embora insatisfeitos com as atuações dos dirigentes.
    De tão à vontade e seguros de si, os dirigentes dos Conselhos, Sindicatos e Cartórios estão conseguindo deixar às escâncaras que podem simplesmente ser extintos e nada de desastroso acontecerá para a sociedade - a eterna explorada por sabichões diplomados e semialfabetizados. Esses Conselhos nada mais são do que reflexos dos Três Poderes e do eleitorado brasileiro.

    AHT

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  2. Além das anuidades, o CAU e CREA arrecadam outras taxas para cada projeto e construção. O CAU cobra 2 RRTs - Registro de Responsabilidade Técnica por projeto, uma para o projeto e outra para acompanhamento. O CREA, uma ART - Anotação de Responsabilidade Técnica por construção. É grana demais saindo dos bolsos dos profissionais e dos bolsos de quem se atreve a empreender. Faz parte do "custo" Brasil...

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