sábado, 16 de fevereiro de 2019

Governador Helder Barbalho, não leve seus filhos ao Mangueirão



É isso!
Com uma resposta curta, seca, objetiva e clara, o governador Helder Barbalho disse, em resposta a um tuiteiro, que não apenas que irá ao Mangueirão neste domingo (17), para assistir ao Re-Pa, como levará seus filhos.
O governador é remista. Seus filhos também. Será natural que se acomodem nas cadeiras do lado A, onde fica a torcida do Remo. Foi de lá que despencou o que coleguinhas, de um modo geral, estão chamando de reboco.
Este repórter, que não distingue um martelo de um pé de alface, prefere recolher-se à excelência de seus conhecimentos sobre engenharia para dizer que o caiu não foi um pedaço de reboco, mas um pedaço da estrutura do marquise do estádio. Despencou um pedaço de pedra em concreto (vejam a imagem abaixo), vamos dizer assim, com peso e dimensões suficientes para matar uma ou duas pessoas, se viessem a ser atingidas.
Pois é.
Ao contrário do governador Helder Barbalho, eu não levaria minhas filhas ao Mangueirão. Não levaria sobrinhos. Não levaria Pucca e Frida, as pets daqui do blog. Não os levaria porque eu mesmo não tenho coragem de ir ao Mangueirão, nas condições em que se encontra.
Pinço de matéria postada no site do Ministério Público uma declaração do engenheiro Paulo Brígido, responsável pelas obras de recuperação estrutural no estádio.
“É importante ressaltar que existem alguns pequenos detalhes de manutenção como parte elétrica, pintura e algumas infiltrações. Porém, na parte estrutural estamos convictos que todo o trabalho que realizamos deixou o estádio em condições de receber a torcida nesse grande evento de domingo”, disse o engenheiro.
Ai é que está: mas que obras, concretamente, foram feitas no estádio, desde que o pedaço da marquise desabou? Qual é mesmo a extensão dessas infiltrações?
Uma vez, sentei-me no último degrau, o mais alto, da arquibancada do Mangueirão, de onde sempre gosto de assistir jogos. Lá pelas tantas, senti-me encharcado. Eu pensava que havia feito xixi, tanta era a tensão causada pela partida a que assistia.
Não. Eu não fiz xixi. Fizeram xixi por mim. Foram ao banheiro, dezenas de torcedores, fizeram xixi e o xixi escorreu banheiro e arquibancadas abaixo. Um tsunami de xixi. Passei cinco dias tomando 50 banhos por dia pra tirar a inhaca. Felizmente, consegui essa proeza. Mas não consigo esquecer o trauma de imaginar que um estádio cheio de infiltrações, que não tinha sequer suas tubulações do banheiro funcionando direito, representava um risco para os torcedores.
Não sei, e acho que ninguém sabe, qual a extensão desse problema. Se vários laudos – cinco, ao que se diz – atestam que o estádio tem condições de receber 35 mil torcedores, seria conveniente apontarem-se detalhadamente, discriminadamente, circunstanciadamente as obras emergenciais que foram feitas, de modo a permitir que o Mangueirão tenha condições de receber a capacidade máxima de torcedores do lado A, justamente onde despencou o pedaço de concreto.
Pessoalmente, acho uma temeridade levar crianças a um estádio nessas condições. Mas a decisão é dos torcedores do Remo, é claro.
O governador Helder Barbalho, inclusive.


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