Posso estar sendo pessimista - e estou, reconheço.
Mas acho difícil, muito difícil que o combate a essa onda avassaladora de mentirada, chamada modernamente de fake news, tenha êxito se não for levada em conta uma realidade - evidente, palpável, concreta: de cada dez brasileiros, nove, seguramente, não se habituam a visitar, pelo menos uma vez por dia, sites jornalísticos sérios, de credibilidade, dos quais até podemos divergir ideológica ou politicamente, mas que não se prestam a fazer o antijornalismo - da calúnia e da desinformação.
Tenho constatado isso com amigos, colegas, simples conhecidos ou até mesmo familiares. São poucos, bem poucos, dentre eles, os que se informam através de portais de notícias que mereçam reconhecida credibilidade.
Preferem fazê-lo simplesmente recebendo diariamente, sobretudo em seus smarthpones, dezenas e dezenas de mensagem totalmente malucas - sejam as clássicas fake news, maluquices que têm a aparência de notícia jornalística, sejam outras mensagens igualmente mentirosas, muitas delas preconceituosas e outras que chegam até mesmo a prescrever receitas médicas para várias doenças - das mais inofensivas às mais letais. Esses hábitos são horrorosos - e arriscadíssimos. Como também dificilmente são removidos.
Já cheguei a fazer um teste com pessoa próxima: pedi-lhe que todo dia, pelo menos uma vez, ao acordar, acessasse apenas um site jornalístico qualquer, dos que têm maior audiência no Brasil, e desse uma passada d'olhos somente nos títulos das notícias que estão em destaque naquele momento.
A pessoa fez isso durante uma semana - se tanto. Depois, no more. E continua nessa vida de receber toneladas de vídeos, mensagens, memes, fake news e o escambau a quatro, todas elas acompanhando desse verbo nojento, nauseabundo e odiento: repassando.
Mesmo assim, diante de todas essas dificuldades para combater a mentirada virtual, são meritórias iniciativas como a de O Globo, que acaba de lançar o Fato ou Fake, serviço de checagem para esclarecer o que é notícia (fato) e o que é falso (fake). Além de repórteres do jornal, participam da apuração equipes de G1, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo.
Jornalistas farão um monitoramento diário para identificar mensagens suspeitas compartilhadas nas redes sociais e por aplicativos como o WhatsApp. Participam da apuração equipes de G1, O Globo, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo.
Perfeito.
ResponderExcluirKenneth