DiCaprio: se lhe pedirem para apontar rapidamente, num mapa, onde fica o Pará ou Amapá, ele terá um pirrique |
É ótimo que celebridades de todos os gêneros, de todas as cores, de todas as preferências políticas e ideológicas proclamem estar preocupadas com os destinos da Amazônia.
Mas, com todo o respeito, elas querem que a Amazônia tenha milhões e zilhões de likes nas redes sociais ou querem elas mesmas, celebridades, somar alguns milhões e zilhões de likes a mais, por conta de suas perorações bem intencionadas e de seu ambientalismo sentimental e politicamente correto em defesa da Amazônia?
Ou por outra: celebridades, quando usam Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp para opor-se, por exemplo, à extinção da Renca, sabem minimamente sobre o que estão falando? Dispõe de mínimas informações para formar juízos sobre agressões ambientais à Amazônia?
Não se defende aqui que uma pessoa, para levantar a bandeira de uma causa qualquer, seja um expert naquele assunto. Mas é preciso que tenha pelo menos noções básicas sobre o objeto de suas preocupações, né?
Por isso, é o seguinte - e só para citar um exemplo emblemático: se puserem diante do grande ator Leonardo DiCaprio um mapa e pedirem que ele aponte onde fica o Pará ou o Amapá, o cara vai ter um pirrique. E não vai responder. Porque talvez nem saiba onde fica o Brasil, o que dirá então do Pará e Amapá.
Mas DiCaprio está entre as celebridades que se exasperam com indignação sobre essa maluquice do governo Temer que foi extinguir a Renca.
Afinal de contas, ele quer likes pra ele ou pra Amazônia, hein?
E assim com outras tantas celebridades que estão se manifestando sobre este assunto.
Aliás, e a propósito, José Roberto Guzzo assina na edição de "Veja" desta semana, um artigo intitulado Em defesa da agricultura: vamos comer o quê?
É um trabalho dos mais lúcidos que já li sobre esse tema, pela pertinência dos argumentos que o jornalista expende.
No final, Guzzo diz o seguinte:
A consequência é que o brasileiro aprendeu a apanhar de graça. Veja-se o caso recente do presidente Michel Temer — submeteu-se à humilhação de ouvir um pito dado em público por uma primeira-ministra da Noruega, pela destruição das florestas no Brasil, e não foi capaz de citar os fatos mencionados acima para defender o país que preside. Não citou porque não sabia, como não sabem a primeira-ministra e a imensa maioria dos próprios brasileiros. Ninguém, aí, está interessado em informação. Em matéria de Amazônia, “sustentabilidade” e o mundo verde em geral, prefere-se acreditar em Gisele Bündchen ou alguma artista de novela que não saberia dizer a diferença entre o Rio Xingu e a Serra da Mantiqueira. É automático. “Estrangeiro bateu no Brasil, nesse negócio de ecologia? Só pode ter razão. Desculpe, buana.”
É mais ou menos isso.
Mais ou menos!
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