Este repórter varou a madrugada de terça para
quarta-feira acompanhando a apuração das eleições nos EUA.
E qualquer um que o tenha feito, deve ter experimentado
a sensação - incômoda, sem dúvida - de constatar, com os próprios olhos, se o
inimaginável realmente iria acontecer.
De manhã, ainda nocauteado pela surpresa, encontrei
três amigos.
- Tu viste? - eles perguntaram.
Eu tinha visto. Mas não acreditava.
Eles disseram que também não. E contaram ter
ouvido a mesma coisa de outros conhecidos deles.
"Eu não acredito" continua a ser - e
ainda será por muito tempo - a expressão de espanto diante dessa parada.
E por que insistimos em expressar nossa
descrença?
Porque fomos e somos reféns de conceitos da
política tradicional, convencional.
Esquecemo-nos que Donald Trump chegou para, como
se diz por aí, quebrar paradigmas, como sói acontecer com os outsiders que não estão nem aí para os
convencionalismos da política.
Na campanha, Trump protagonizou tudo o que é
desaconselhável nos manuais da política.
Foi rejeitado por sua própria legenda, o Partido
Republicano.
Foi alvo de denúncias - algumas implausíveis,
outras nem tanto - de assédio sexual.
Fez declarações menosprezo às mulheres.
Quebrou um costume de séculos, em que candidatos
à presidência da República franqueiam sua declaração de Imposto de Renda,
negando-se a mostrar a sua sob a justificativa de que está sob auditoria.
Demonstrou impulsos xenófobos repugnantes.
Confessou que, caso perdesse, não reconheceria o
resultado, o que é uma conduta das mais graves numa democracia em que todos os
derrotados - como fez Hillary Clinton emseu primeiro discurso após as eleições - não apenas reconhecem o resultado
das ruas como prometem somar forças às do vencedores, respeitadas, é claro, as
diferenças de posicionamento entre eles.
Trump foi tudo isso.
Qualquer outro candidato perderia de lavada.
Mas ele ganhou.
E ganhou contraas previsões de todas as pesquisas de opinião pública, à exceção da feita
pelo jornal "Los Angeles Times".
Por tudo isso, sinceramente, quem acreditaria,
ou melhor, quem acredita que esse cara tornou-se presidente dos Estados Unidos?
Curioso o seletivismo da imprensa brasileira. Expõe todos os defeitos do republicano, que são verdadeiros, mas omite os da democrata. Ninguém fala do teor dos emails, do fato de Clinton ter sido um dos dois presidentes que tiveram processos de impeachment abertos na história do país, dos recursos obtidos pela fundação Clinton, das guerras apoiadas por Obama com ingerência da secretária de estado etc. Silêncio sepulcral.
ResponderExcluirSimmmm.
ResponderExcluirSe aqui tivemos Lula e Dilma, porque lá não poderiam tê-lo?
Mais do que nunca, continua valendo o que disse o filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821):
ResponderExcluir"CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE."
Desta vez, tragédia anunciada...
Mais do que nunca, os "povos inocentes e que não sabem nem votar para vereador" pagarão pelo "poderoso povo pecador, que também não sabe votar".
Sobre o "qualquer outro candidato perderia de lavada", há controvérsias. Isto porque antes das convenções fizeram uma simulação segundo a qual o único que venceria Clinton seria Ted Cruz. Logo não há como saber.
ResponderExcluirPerdão, mas só foi "supreendente" para os que acompanharam a eleição pelos meios de comunicação tradicionais, onde os jornalistas fizeram mais torcida do que análise. Isso mostra também a importância da mídia alternativa (a revolução da internet) para a análise real dos fatos.
ResponderExcluirSó que a mídia alternativa em peso apoiava Clinton com poucas exceções.
ResponderExcluir"CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE."
ResponderExcluirAqui tivemos LUla, Dilma e ficamos com a herança que esses dois deixaram: o Temer.