quarta-feira, 29 de junho de 2016
Ônibus - bondade ou jogada política?
Do jornalista Francisco Sidou, por e-mail:
A decisão do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, de manter congelado em R$ 2,70 o preço da passagem de ônibus está provocando muita polêmica nas redes sociais. Os simpatizantes do prefeito dizem que ele foi magnânimo.
Os adversários atribuem seu ato a oportunismo político. Mesmo com a tarifa congelada, o maior problema do transporte coletivo de Belém continua sem solução. Trata-se da cidade travada pelo tráfego congestionado e pelo trânsito caótico/neurótico, com frota sucateada e suja e pela falta de autoridade das autoridades ditas competentes da área (Semob) em fiscalizar e retirar de circulação os ônibus com validade vencida. Em sua maioria, eles são mandados do Rio de Janeiro, após circularem, no mínimo, cinco anos pelas ruas da Cidade Maravilhosa. Essa falta de respeito com os paraenses o prefeito também deveria repelir.
Os donos de ônibus são os "coronéis do atraso", responsáveis maiores pela manutenção do "status quo" reinante na bagunça do trânsito da cidade, pois se recusam a estudar qualquer plano de mudança no planejamento do tráfego urbano. Circulam no eixo Ver-o-Peso e Presidente Vargas mais de 500 ônibus, diariamente, alguns quase vazios, queimando combustível. Falta racionalidade e bom senso.
Estação Rodoviária no centro da cidade só existe em Belém dentre as capitais brasileiras. Sinais de três e quatro tempos, além de cocadas baianas como balizadores de tráfego são também sinais exteriores do atraso e da falta planejamento urbano de tráfego. Medidas cosméticas continuam sendo adotadas, desprezando-se o Plano Diretor de Tráfego Urbano (PDTU) dos japoneses da Jica, que na década de 80 previram que a cidade iria travar por volta do ano de 2010, caso nenhuma de suas propostas de serviços e obras fosse executada. Nada do que eles recomendaram foi feito ao longo dos últimos 30 anos.
A cidade está quase parada. Ter carro próprio, que já foi um sonho de consumo, está virando pesadelo. As vias de uma cidade são como as veias no corpo humano: quando elas entopem o organismo entra em colapso.É o caso de Belém.
Projeto mal planejado e pior executado, o BRT, que já se arrasta por longos 12 anos, devorando recursos públicos da ordem de R$-240 milhões, em duas gestões similares, com sua inauguração meia-sola antes das eleições, não vai resolver os graves problemas dos gargalos do trânsito de Belém, sem a construção de novos corredores de tráfego, elevados e viadutos nos principais pontos de estrangulamento da cidade. Tradicionais financiadores de campanhas eleitorais, os donos de ônibus certamente não estão gostando nada da atitude de Zenaldo, de vetar o novo aumento.
De qualquer forma, a medida serviu para aliviar um pouco o sufoco de quem estuda e trabalha e depende do transporte coletivo na cidade. Espera-se que a fatura cobrada pelos donos de ônibus, passadas as eleições, não seja salgada demais para a população de Belém. O novo prefeito vai precisar de coragem para desmontar esse jogo de cartas marcadas.
Se aprova, é criticado. Como não aprovou, é criticado...
ResponderExcluirAs linhas não são licitadas. Uma esculhambação. Não tem jeito.
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