quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Jornalistas ainda têm muita dificuldade para conviver com a crítica
Meus caros, falemos o português de Portugal - claro, sem muitos erres e efes, sem rodeios.
No português de Portugal, digamos: coleguinhas, assim entendidos os jornalistas, têm muita, mas muita dificuldade para conviver com as críticas.
Nós, jornalistas, que nos achamos os imperadores absolutos da verdade, nos traímos até quando tentamos nos mostrar mais, como diríamos, flexíveis a aceitar opiniões contrapostas às nossas.
Querem um exemplo?
As críticas que Daniel Alves, o lateral-direito da seleção brasileira, fez na última segunda-feira, durante uma entrevista coletiva.
O cara disse o seguinte, sem tirar nem pôr:
"Acredito muito em energia, aqui no Brasil a energia é um pouco pesada. Nosso país é muito crítico e pouco paciente. As pessoas falam como se fosse fácil jogar futebol. Até mesmo quem já jogou e fazia as mesmas cagadas, as mesmas merdas que fazemos hoje."
Entenderam?
É claro que entenderam, porque Daniel Alves, também ele, falou no português de Portugal - claro, sem muitos erres e efes, sem rodeios.
Pronto.
Foi o que bastou para o assunto dominar todas as rodas de debates de programas esportivos.
Coleguinhas, dizendo-se amantes do dissenso, passaram horas discutindo o sentido, o significado das palavras de Daniel Alves.
Qual a conclusão de tanto debate?
A conclusão é de que os coleguinhas, ainda quando enaltecem a sinceridade e objetividade de colocações como a da Daniel Alves, acabam, ao fim e a ao cabo de suas intervenções, achando que, ora bolas, o jogador estaria equivocado e que, ele sim, é que não saberia conviver com as críticas.
Hehehe.
Parem com isso.
Daniel Alves, podem ver neste vídeo aqui, falou, como se diz, diboa.
Estava descontraído durante a entrevista.
Estava à vontade.
Estava sem ódio no coração.
E expôs uma verdade: a de que muitos ex-jogadores, hoje comentaristas, têm todo o direito de expor suas opiniões, mas precisam dosá-las, porque realmente já cometeram os mesmos erros que apontam nos outros.
Por exemplo: se algum dia Ronaldinho Gaúcho vier a ser comentarista quando se aposentar, ele poderá criticar um jogador por falta de profissionalismo?
É claro que não.
Porque Ronaldinho Gaúcho, muito embora tenha sido um dos melhores jogadores do mundo, não se portou como uma profissional de excelência em muitas ocasiões.
Ponto para Daniel Alves, portanto.
Ele falou a verdade, foi instigante, foi cortante e demonstrou, por tudo isso, que nós, jornalistas, continuamos com muita dificuldade para conviver com as críticas?
Ou não?
Discordo. Não quanto aos jornalistas. Mas quanto aos atletas do passado, que deram as maiores glórias do futebol nacional e nunca perderam de 7. Ao contrário da geração de Daniel.
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