Enfim, o PSDB se dá conta de que a ética vale para todos

Enfim, meus caros.

Enfim, os tucanos chegaram à conclusão de que sustentar na cadeira de presidente da Câmara um personagem como Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - na foto - parece ser, como diríamos, um pouco demais.

E assim é que o anúncio formal e público, feito pela bancada do partido na Câmara, de que Eduardo Cunha deve se afastar da direção da Casa, por não ter demonstrado de forma consistente que seriam inverídicas as acusações de que tem contas secretas na Suíça, revela uma lucidez tardia dos tucanos.

Bem-vinda, no entanto, a lucidez política, ainda que tardiamente. Porque vinha sendo intolerável que o PSDB, sonhando dia e noite, noite e dia como o impeachment da presidente Dilma por suposta improbidade administrativa, não tenha se dado conta há mais tempo de que Cunha já está denunciado pela Procuradoria Geral da República, perante o Supremo Tribunal Federal, pelo cometimento de crimes graves, para não dizer gravíssimos.

Como admitir-se, portanto, que preceitos e veleidades éticas sirvam para apenas alguns, e não para todo mundo?

Como admitir-se que o PSDB queira a saída de Dilma, mas não quisesse a saída de Cunha da presidência da Câmara?

Não dá para aceitar, né? Não dava, realmente, para entender.

Isso vinha se constituindo uma contradição gritante e um oportunismo dos mais repulsivos, porque indicava que o PSDB tentava segurar Cunha por vê-lo como a cunha – como o perdão do trocadilho – que seria usada arrombar as portas do Palácio do Planalto e tirar de lá a presidente através de um processo de impeachment.

Meno male, portanto, que os tucanos tenham se dado conta de que estavam na contramão da ética, da racionalidade, do bom senso e da coerência.