terça-feira, 20 de outubro de 2015

Remo, o melhor time do mundo!

Olhem, o Espaço Aberto assina embaixo do texto de Carlos Eduardo Vilaça.
Um texto perfeito.
Verdadeiro.
Justo.
Um texto à altura da conquista remista - o acesso à Série C.
Leiam abaixo, sob o título Remo, o melhor time do mundo!


Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
O Leão voltou e o mundo está muito mais feliz!
O meu time é o melhor do mundo. E não preciso da chancela da Fifa, qualquer outra entidade ou ranking para afirmar isso. A mim, bastam o choro de alegria, a rouquidão pós-jogo pela cantoria e gritaria incessantes, os abraços efusivos em pessoas que nunca vi na vida e provavelmente não tornarei a ver, os palavrões como forma de extravasar, o olé de quase cinco minutos, com a bola passando de pé em pé, sobre um adversário que propalava arrogantemente uma superioridade inexistente e um preconceito tolo... Tudo que o Remo me proporcionou neste domingo à noite no Mangueirão e em todos os outros dias da minha vida é mais do que suficiente para cravá-lo como o maior de todos.

O meu time é o melhor do mundo. Em que outro clube o principal jogador dispensa propostas mais vantajosas financeiramente, onde teria muito mais visibilidade? Pelo contrário, topa uma redução salarial, segura as pontas de três meses atrasados e, ainda assim, põe a alma na ponta da chuteira? Não é à toa que Eduardo Ramos é tratado como “Mito” pela torcida, pois parece mesmo bom demais para ser verdade. Hoje, no “futebol moderno”, beijar o escudo é um ato banal. Basta pagar cifras astronômicas que o amor está devidamente comprado. Identificação de verdade é algo raro, para ser valorizado. E Eduardo Ramos mostrou como se faz.

Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
Eduardo Ramos, o Mito
O meu time é o melhor do mundo. Pois é nos grandes times que surgem heróis improváveis. Como Ciro Sena, Levy, Whelton, Mateus Muller e Aleílson, que passaram o campeonato inteiro no banco ou em campo sendo criticados, mas que nas partidas decisivas estiveram na linha de frente e arrebentaram. Mostraram garra, força de vontade, superaram desconfianças e foram exaltados merecidamente. Assim como a experiência e liderança de Fernando Henrique, Max, Chicão, Ilaílson e Henrique, caras que passaram tranquilidade. E o que falar de uma molecada que nunca faz feio quando acionada? Silvio, Edicleber e Igor João, garotos da base que honram a camisa. O equilíbrio perfeito que só os melhores do mundo, como nós, temos.

O meu time é o melhor do mundo. Por termos Cacaio. Um técnico de fibra, de coragem. Que aguentou constantes ameaças de demissão ao longo do campeonato, mesmo tirando leite de pedra e gerenciando um grupo que estava mais para pavio de pólvora. Fechou com os jogadores, fechou com a torcida. Ligou o foda-se para a pressão e fez o que tinha que fazer: trabalhou. Quieto, na dele. Teve que ouvir que não era nada mais do que motivador, que não entendia de estratégia, e deu a resposta com um nó tático sensacional no adversário nesta reta final. Fez muito mais do que muito enganador que ganhava o triplo do seu salário. Um técnico de respeito para o melhor time do mundo.

Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
O reconhecimento é justo e necessário ao trabalho de Cacaio no Leão!
O meu time é o melhor do mundo. Duvida? Mostre-me uma torcida tão apaixonada, que passe sete anos roendo o osso, sem calendário definido, suportando administrações pífias, tendo que ver seu time jogar em quintais de fábricas e campos de pelada ao lado de cemitérios pelo interior do Pará, sem abandoná-lo uma vez sequer. Não existe, amigo. Uma torcida que tira do próprio bolso para ajudar a reconstruir o seu estádio. Que está no top 20 do Brasil no programa de sócio torcedor, apesar de tudo. Que bota mais público no estádio do que muito time que está na elite. Que faz valer o ditado: “Nas horas boas te quero, nas ruins te amo”. Não existe, só mesmo sendo os melhores do mundo, como somos.

O meu time é o melhor do mundo. Porque me faz voltar a ser criança por algumas horas. Afinal, o jogo de futebol, na sua essência, é isso: uma grande e apaixonante brincadeira. Quando crescemos, as responsabilidades acumulam, o tempo escassa, a corrupção no esporte desanima, mas ir para a arquibancada e ver o seu time jogar tem que produzir esse efeito, lhe deixar feliz, lhe rejuvenescer. E rever aquele moleque de doze anos que, ao lado do irmão e do melhor amigo, fazia das idas ao estádio o momento mais especial da semana, é indescritível. Principalmente porque esse amigo hoje já não está aqui e a saudade aperta ainda mais, pois sempre vai faltar aquela gozação, aquela corneta, incentivo ou abraço durante a comemoração de um gol, de uma vitória. Mas a alegria que compartilhamos foi única, lembranças que carregarei comigo até o fim e que me botam um sorriso no rosto sempre que o Leão entra em campo para mais uma batalha. Devo isso ao meu time.
Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
Mário Quadros/Jornal Diário do Pará
Time e torcida unidos para a luta sempre!
O meu time é o melhor do mundo. E não é porque neste domingo ele ganhou, garantiu o acesso à Série C do Brasileiro após sete anos no limbo. Não. E também não é por ser o dono das melhores campanhas do Norte em competições nacionais. Ou por ter traumatizado o arquirrival com um tabu de cinco anos de invencibilidade. Não, amigos. Ele é o melhor simplesmente por existir. O fato de ter uma história grandiosa é um adicional. Que outro clube tem um atleta que o defendeu até a morte? Pois Periçá o fez. Atleta de várias modalidades, do futebol à natação, morreu ainda jovem, demorando a sair de uma prova de mergulho, apenas para que o clube não saísse derrotado. E fez isso lá nos primórdios, quando ainda não tínhamos tradição. O que o levou a isso? O amor. Simples assim. É o que eu digo, o Remo existe. Isso já faz dele o melhor do mundo. E agora vocês voltarão a ver e a ouvir falar muito mais de nós. Saudações azulinas!

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