terça-feira, 11 de agosto de 2015

Por que a sedução por alternativas extremas para vencer a crise?


Sem brincadeira, é preocupante.
É muitíssimo preocupante o tom de apocalipse que toma conta de vários segmentos da sociedade brasileira, diante da deterioração do quadro político.
Isso é constatável inclusive em meio a manifestações que podem até parecer espontâneas e, digamos assim, engraçadinhas, mas que traem, no fundo do fundão, uma certa torcida para que a coisa degringole de vez - se é que isso já aconteceu e nós é que não percebemos.
Escutem essa!
O poster encontrava-se ontem, no final de manhã, numa fila no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, à espera de embarcar para Belém.
Na fila bem ao lado, um cidadão aparentando entre 65 e 70 anos.
Escandaloso.
Chato. Chatíssimo.
Irritantemente chato.
E impertinente nos comentários altissonantes que fazia questão de externar, para que todos o ouvissem.
Em verdade, o tom era quase de um discurso.
Quase mesmo.
O repórter estava a ponto de rasgar dali. Mas não poderia fazê-lo, a menos que perdesse o voo de volta para Belém.
Até que o cara falou - ou quase berrou - exatamente assim, dirigindo-se a um conhecido que estava a três lugares dele:

Olha, rapaz. A corrupção, hoje, é maior do que no governo do Getúlio [Vargas]. A crise política também é muito maior do que naquela época. O que falta para que a Dilma pegue um revólver e dê um tiro na cabeça? O que falta? E olha: eu pagaria a bala.

O amigo desse cara riu.
Alguns na fila também riram.
Quem não riu, pelo menos virou-se para ver melhor, em carne e osso, a origem do comentário.
Sabem de uma coisa? É espantoso ver-se ampliar, em vários segmentos, a percepção de que não há outra saída para esta crise senão tanques nas ruas, tiros em cabeças e outras alternativas extremas que, por serem extremas, podem resvalar para ataques frontais à Constituição.
É legítimo, acho, que cada um externe as suas expectativas e os seus juízos sobre estes momentos muito difíceis que o País enfrenta.
Mas ninguém imagine que poderá aventurar-se além do que o Estado de Direito permite, não é?
Em outras palavras: tucano, petista, democrata, petebista, enfim, qualquer um que esteja no cargo tem legitimidade para isso. E qualquer um deve responder por equívocos que tenha cometido, inclusive na esfera judicial.
Mas será que isso não pode ser operado sem tiros na cabeça, sem aspirações por tanques nas ruas e sem tons apocalípticos?
Será que não?

2 comentários:

  1. Fora Dilma, Fora Lula. O Collor saiu por muito, "muitíssimo menos". E por que esses dois não podem sair???
    Dia 16 estarei nas ruas.

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  2. Bom comentário.
    Kenneth

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