segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mosaico de protestos, jogos e trapaças


A atuação do Congresso Nacional é preocupante diante da crise. Deveria apresentar propostas sensatas e inovadoras, para tirar milhões de brasileiros de uma crise financeira grave e do desemprego que vem assustando suas famílias. Mas os parlamentares tentam unicamente apear a presidente do cargo isto, se acontecer, o que seria muito natural em virtude dos malfeitos do seu governo, será em consequência do julgamento de suas contas (com as pedaladas) pelo TCU e, que, a todo o momento, querem mudar as regras do jogo e devem passar pelas duas Casas (se passarem) ou ela renunciar. Mas o Congresso se expõe, há muitos protestos, trapaças e os oportunistas só querem tratar dos seus interesses. Os políticos equilibristas estão caindo da corda bamba com as sombrinhas da corrupção.
Devemos sim, sempre que necessário, fazer manifestações consistentes pelo fortalecimento das nossas instituições e pela elevação do nível da política em nosso país independentemente de ideologias partidárias. Cadê a esquerda? Que tentava passar o sonho de mudar o país pra melhor e que foram destruídos pela cobiça do PT. Lembrar-se de Lula, do José Dirceu, do Vladimir Palmeira e do Travassos. Arriscavam-se a apanhar da polícia só para ver e ouvi-los falar. Lula perdeu a credibilidade, Dirceu está preso pela segunda vez, Vladimir, sumido e Travassos, morto. Falsos pretextos fazem parte do jogo, por isso, estamos sofrendo suas consequências.
Só não vê quem não quer. É cadente a situação do PT e de seus grandes expoentes. Há que se considerar legítimo os protestos contra o governo e o PT, esses manifestantes são pessoas bem intencionadas que acreditam prestar um serviço ao País ao bradar contra o mau combate, o jogo sujo, as trapaças cada vez mais refinadas. São notórios, a olhos mais atentos, que a gravidade da crise é política e econômica. Alguns analistas que fazem o jogo da situação acham que o impeachment, a renúncia, ou qualquer outra solução que não fosse a estabilidade do processo constitucional seria uma aventura cega. E por quê? O Tarô responde: Ela é a responsável e tem de engolir as mentiras com que enganou o povo brasileiro, o sacrifício político de deglutir na marra o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda. As resistências do PT. A popularidade ruim ficou pior.
A atual situação do governo é grave, sim. Principalmente, porque turvada pelo descontrole parlamentar, pelo fracasso petista. A profunda crise econômica se expõe a todo o momento, por inúmeras vezes. Em entrevista a uma rede nacional de TV a presidente disse: "A cultura do golpe ainda existe no País". Pode? O Tarô responde: Será que não teria sido prudente ter ficado calada? Acham que todo mundo está com um pé atrás, que todo mundo é adepto do conservadorismo e que todos somos golpistas. O que se percebe é que na opinião pública mostra-se um forte impacto provocado pela desconstrução da política formada a partir do escândalo da corrupção, em que o criador e as criaturas foram despenhadeiro abaixo.
Se estivéssemos no regime parlamentarista, a solução possível e realista seria a formação de um novo governo. O regime presidencialista por nós, já muito testado, parece falido. E mais, cresce o ciclo do ódio. O ódio assumiu uma função cada vez mais decisiva no País, muito ao sabor do preconceito e da intolerância. Parecemos até desmemoriados em relação a um passado recente (a era Collor), sofremos muito com o confisco e a desvalorização da moeda. Levamos um bom tempo e tivemos muita tolerância para ver o País se recompor.
Precisamos sair desse ciclo do quanto pior, melhor. Melhor para quem? Para o Brasil, não é. Semancol, não é produto farmacêutico. As pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego pessoal do que é melhor para o País. Os governistas e, não é de hoje, bradam que estão prontos para o confronto. O "novo" Renan viu um vácuo no poder. Mas a Operação Lava Jato está aí.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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