terça-feira, 11 de agosto de 2015

Justiça: entre a ordem e a desordem



A inóspita rota da apuração das irregularidades e malfeitos deixa cada vez mais a situação com os nervos à flor da pele. O governo está realmente perdido, raciocina que ninguém quer combater a corrupção no Brasil, só querem tirar o PT do poder. Sabia-se que o desafio seria imenso, com poucos dispostos a levar o caso em frente. Não é hora de voltar atrás, mas dar força e aprofundar ainda mais as investigações e chamar todos os culpados às falas e devolver toda essa dinheirama espalhada pelo País, bancos no exterior e paraísos fiscais.
Na verdade, estamos caminhando para um Brasil diferente. As denúncias contra os manipuladores de verbas públicas estão vindo a público e, mais, os corruptos e corruptores estão sendo presos. As investigações precisam continuar. Ficando com o Judiciário o cumprimento da Legislação Penal, para que outros mal-intencionados percebam que finalmente podemos usar a expressão de que o crime não compensa.
Ainda bem que existem os chamados guardiões da justiça neste país; os famosos cães de guarda que, conhecendo a história, aprenderam e, quem sabe, não incorrer no mesmo erro no futuro. Não esquecer, que semana passada, a Operação Lava Jato completou 500 dias de existência - a cada etapa de seu cumprimento vem se consolidando como a maior ação contra a corrupção já realizada no País. Pois é, se lembrarmos que há 500 dias ela deu seu primeiro passo, é difícil imaginar que a Lava Jato chegaria onde chegou. Esse pódio anticorrupção se deve ao trabalho da PF de Curitiba, à força-tarefa do Ministério Público Federal e ao destemido juiz federal Sérgio Moro. Eles desbarataram as quadrilhas de políticos, empreiteiros e doleiros que rapinaram a Petrobras. Moro parece ter seguido a mesma metodologia seguida pelo magistrado italiano Giovani Falconi (foto), que tentou desmantelar a Cosa Nostra da bota europeia.
Contudo, alguns desses senhores presos acham que são apenas presos políticos - é brincadeira -, como se reportava José Dirceu quando inquirido e ainda levantava o punho se achando o próprio. Esses malfeitos, segundo analistas, remontam ao tempo em que Dirceu iniciava seu ministério na chefia da Casa Civil, e tinha o status de super-ministro e já comandava um esquema de corrupção, como compra de apartamento para irmã, reformas em propriedades e outros tipos de maracutaias. Ao longo do tempo, ele montou um esquema muito bem estruturado, um aparelhamento muito refinado que utilizou em benefício próprio para desvios de verbas públicas.
Mesmo assim, é difícil de escapar de alguns críticos que conduzem uma mídia achando que, o juiz da Operação Lava Jato é polêmico, conduz uma cruzada contra a corrupção e, através dela, promove o descrédito da política, com mandos e desmandos. Acham que se fechou um círculo em torno da 13ª Vara Criminal Federal do Paraná e pensar em um éden com juízes, promotoria e policiais próprios. Revista de circulação nacional afirma que: “Enfim, a criação de um paraíso restrito à raça de puros, semelhante à utópica Politeia de Platão, um sábio descrente da democracia da antiga Grécia, bem diversa dos anseios modernos, e desencantado com os governantes... Moro, os promotores e policiais perseguem com tenacidade cega os ideais do célebre filósofo grego, que por sinal, inspirou o nome de batismo, Politeia, da 14ª etapa das investigações da Lava Jato”.
Há quem diga que já ouviu de políticos brasileiros: o mês de agosto deveria ser eliminado do calendário nacional. Mês trágico, recebe o nome de desgosto, pois pode estar em jogo, nas próximas semanas, o mandato de Dilma Rousseff. Quem não se lembra dos fantasmas de agosto: em 1954, o suicídio do presidente Getúlio Vargas; em 1961, Jânio Quadros renuncia ao cargo de presidente; em 1976, o acidente que ceifou a vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek; em 1992, os caras-pintadas foram às ruas e pedir o impeachment de Fernando Collor. E aí? Hein?

Sergio Barra é médico e professor.
sergiobarra9@gmail.com

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