segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ética. Que ética?



"Quem é extorquido procura a polícia, não o mundo das sombras"
Sergio Moro, juiz federal

Será que, ética, só existe na nossa imaginação? Ou quem sabe, vive povoando nosso imaginário, a nos pregar sustos, muita ansiedade e mostra que a verdadeira ética está no que não se vê. A imagem do povo brasileiro mostra que ele tem uma forte presença de cena. Ademais é, para poucos, alcançar uma rara combinação entre formação técnica sólida e capacidade de adaptação e improvisação. Desde cedo ouvimos falar em ética. No Brasil, ética é um conceito cada vez mais divorciado da política. Quando se fala em ética, sentimos tédio em vez de medo, ou tomando sustos bestas que envolvem só a parte reptiliana do cérebro, ou então se indignando com o fato de alguém achar que se pode levar a sério esses fantasmas e entidades que estão apenas na nossa imaginação.
Ética na história! Os desvios éticos foram o pano de fundo de momentos turbulentos da história do País. Em 1954, Getúlio Vargas cometeu suicídio quando seu governo era acusado pelos adversários de se ter transformado em um "mar de lama". Dez anos depois, os militares deram um golpe e assumiram o poder com a bandeira da moralidade, mas foram escorraçados do poder em 1985 quando a censura não conseguia mais abafar o que ocorria nos porões do regime autoritário.
As primeiras eleições presidenciais depois do regime de exceção, realizadas em 1989, ficaram marcadas pela acirrada disputa entre o "caçador de marajás" Fernando Collor de Mello e o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Na reta final da campanha, quando as pesquisas apontavam empate técnico entre os dois concorrentes, Collor levou ao programa de TV o depoimento de Miriam Cordeiro. Ex-namorada de Lula, ela o acusava de ter proposto um aborto quando estava grávida de Lurian, filha do casal, na época com 15 anos. A cartada foi decisiva para a vitória de Collor. Episódio que entrou para a história brasileira como a primeira grande baixaria política da democracia que se instalava no País.
Nos 26 anos seguintes à refrega de 1989, a ética e a política seguiram caminhos distintos. Sucessivos escândalos de corrupção em quase três décadas de democracia revelaram aos brasileiros uma profunda crise de valores que deveriam nortear o comportamento dos governantes. Apesar dos avanços inegáveis, como a Lei da Ficha Limpa, hoje prevalece nas campanhas e no exercício do poder um vale-tudo que contamina candidatos e instituições. Os programas dos partidos apresentados no rádio e na TV expõem ataques pessoais, acusações infundadas, mentiras e distorções sobre as propostas dos adversários. Nesse ambiente de abusos, só nos resta resgatar os valores éticos tão imprescindíveis a uma sociedade desenvolvida em todos os aspectos.
Exemplos da falta de honestidade começaram a aparecer a todo vapor. Em 1992, Collor, foi submetido a processo de impeachment após ser alvo de denúncias de corrupção. No governo FHC, para aprovar a emenda que permitiu a reeleição de ocupantes de cargos executivos, deputados foram acusados de vender seus votos. Em 2005, fomos surpreendidos com o "mensalão", dinheiro ilegal do PT para os partidos aliados. No Distrito Federal, o "mensalão" do governador José Roberto Arruda, imagens em vídeo que o mostram recebendo dinheiro ilegal e foi preso por dois meses. Em seguida irrompeu o escândalo da Petrobras envolvendo políticos e executivos por corrupção, cuja defesa argumenta que foram extorquidos por funcionários da estatal.
Com a aposentadoria de Joaquim Barbosa, é do juiz Sergio Moro o título de algoz dos corruptos, atualmente. É um especialista no crime de lavagem de dinheiro. À frente do caso Banestado, criou um método que levou à condenação de 15 réus. Assessorou a ministra Rosa Weber durante o julgamento do mensalão. É a força que sustenta a Operação Lava Jato, escândalo que abala as estruturas do poder por envolver a Petrobras e parlamentares da base governista.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

Um comentário:

  1. Seguindo a linha de Dilma: culpar TODO MUNDO que não faz parte de SEU MUNDO.

    Vou creditar aos Indios o início da corrupção no Brasil...

    Pedro Alvares Cabral só conseguir descer na praia depois de oferecer "quinquinharias" aos indios.

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