quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Em vez de tiros e murros no Senado, a serenidade. Menos mal.


 Muitos esperavam tiros, murros, palavrões e a puliça intervindo para separar contendores engalfinhados.
Guardadas as proporções, muitos esperavam isso.
Mas foi mansa, tranquila, plácida e serena a sessão de sabatina da Comissão de Constituição e Justiça do Senado que aprovou, por 26 votos a 1, o nome do procurador-geral da República, Rodrigo Janot (na foto), para ser reconduzido ao cargo. Depois, em votação no plenário, ele foi confirmado por 59 votos favoráveis e 12 contrários.
Sabem por que foi assim – tão maneira – a arguição do chefe do MPF?
Porque, primeiro, ele mostrou notável capacidade de responder, objetivamente, aos questionamentos; e segundo, porque os senadores, com as exceções que confirmam a regra, parecem ter-se convencido de que o Ministério Público, tanto o que está atuando na Lava Jato na primeira instância, como o que atua junto ao Supremo, no caso a PGR que Janot comanda, Suas Excelências, portanto, parecem estar se convencendo gradualmente de que os procedimentos têm sido eminentemente técnico, sem deixar-se contaminar por paixões e conveniências políticas.
Foi isso, aliás, que o procurador-geral frisou explícita e enfaticamente, quando respondeu ao senadores Aloysio Nunes Ferreira e Aécio Neves, do PSDB, que quiseram saber em que pé está uma representação protocolada pelas oposições no dia 26 de maio, pedindo a investigação do governo Dilma por causa das pedaladas fiscais.
Onde está a representação?
Está em curso, disse o procurador-geral. Está em tramitação. Está sendo devidamente instruída com as informações solicitadas a vários órgãos de governo.
Menos mal que tenha sido assim.
Menos mal que o Senado tenha cumprido o seu papel, arguindo soberanamente o aspirante a um novo mandato.
E menos mal que o sabatinado também tenha cumprido o seu, inclusive desmontando suspeitas sobre fatos que o ligariam a atos eticamente reprováveis.
É assim.
No país da Lava Jato, no país de roubalheiras bilionárias, menos mal quando as leis ainda vigem e as instituições funcionam.

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