terça-feira, 7 de julho de 2015

Erro, exagero, imprecisão


Por Carlos Brickmann,  no Observatório da Imprensa
Joseph Pulitzer, um dos grandes jornalistas de todos os tempos, costumava dizer o que é jornalismo com três palavras: “Precisão! Precisão!! Precisão!!!” Quando assumiu o comando do Saint Louis Post-Dispatch, em 1878, definiu assim a linha política do jornal: “Não servirá a um partido, mas ao povo. Não apoiará o governo, mas o criticará”. Pulitzer morreu em 1911. Sorte dele.
Na guerra partidária maluca e sanguinolenta que o Brasil vive, ninguém pode criticar as decisões do juiz Sérgio Moro sem ser imediatamente acusado de defender os corruptos do governo. Não pode dizer que apesar da estiagem recorde a água continuou a fluir em São Paulo, embora com falhas, sem ser acusado de tucano branco e rico de olhos azuis. Para quem diz que não houve estiagem em São Paulo e que os problemas no abastecimento de água foram causados pela incompetência do governo tucano, houve entretanto estiagem quando o assunto é eletricidade, coisa do governo federal. E, em qualquer caso, todo erro é justificado por algum outro erro cometido por um adversário: a Venezuela prende os opositores sem julgamento, mas em Guantánamo também há presos não julgados, e ficam elas por elas. Quando alguém diz que a Ucrânia foi invadida, a resposta é do mesmo tipo: e os atiradores brancos que mataram negros nos Estados Unidos?
É a frase famosa em ação: “Somos, mas quem não é?”

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