sexta-feira, 1 de maio de 2015
Quem atirou? Como atirou? Por que atirou e matou Dayse?
Sim, meus caros.
A máxima - repetida, conhecida e batida, mas sempre máxima - de que errar é humano tem amplo significado, mas não pode servir para reducionismos cruéis, que acabam se confundindo com álibis para todos os tipos de erro.
O assassinato - cruel, bárbaro, injustificável, chocante - de Dayse do Socorro Almeida e Cunha, 51 anos, ocorrido no início da madrugada da última quinta-feira, no bairro da Terra Firme, em Belém, pode ser decorrência de um desses erros que não podem se apropriar de contingências humanas incontornáveis como justificativa para minimizar a conduta de quem errou.
Levantamentos preliminares de peritos que estiveram no local do crime indicam que os tiros que mataram Dayse, servidora da Receita Federal, irmã do titular da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), André Cunha, e prima da mulher do governador Simão Jatene, Ana Maria Chaves da Cunha Jatene, partiram de fora para dentro do veículo em que ela foi encontrada já sem vida.
Quem estava fora? Policiais militares.
Quem estava dentro do carro? Bandidos - quatro - que tomaram Dayse como refém.
O carro apresentava cinco marcas de perfurações de bala.
Dayse apresentou sinais de que foi atingida duas vezes.
Não façamos juízos precipitados.
Não façamos.
Mas, cingidos aos fatos, e considerando que a perícia, mesmo em levantamento preliminar, encontrou indícios de que os tiros que mataram a vítima foram disparados de fora para dentro, não tenhamos quaisquer escrúpulos morais e éticos para considerar que policiais militares que trocaram tiros com os bandidos são, num primeiro momento, os únicos suspeitos do cometimento de um erro - de um enorme, colossal, fatal e irreparável erro.
Um erro que, por suas dimensões e circunstâncias, precisa ser devidamente apurado, até mesmo para que não venha a acontecer outra vez.
Nesse sentido, aplauda-se como acertada, oportuna e necessária a postura do governo do Estado, ao afastar preventivamente os policiais militares que participaram do enfrentamento com os bandidos, recolhendo suas armas e acautelando-as, para que possam servir de elementos de prova para as investigações que haverão de apontar o quanto antes quem, como e por que disparou contra a vítima.
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