Olhem só como fazer humor sobre a situação dos outros é refresco.
Olhem só como ridicularizar os outros é refresquíssimo.
Vejam até quantas pode ir a relativização da liberdade de expressão, no dizer e no entender de alguns coleguinhas.
Tomem como exemplo a jornalista Silvia Pilz, essa garota aí ao lado - engraçadíssima.
Ela é colunista de O Globo. Na semana passada, escreveu um texto.
Sapecou-lhe o título de O plano cobre.
Ela, a coleguinha, saltitante de êxtase intelectual e gozando as delícias de exercer a liberdade de expressão, chamou de humor cáustico o que muitos - inclusive nós, aqui do Espaço Aberto -, consideram uma excrescência, uma escabrosidade, uma grosseria e um preconceito dos maiores, ao debochar de pessoas pobres.
O humor cáustico da garota é de arrepiar. Lá pelas tantas, diz assim:
O pobre quer ter uma doença. Problema na tireoide, por exemplo, está na moda. É quase chique. Outro dia assisti a um programa da Globo, chamado Bem-Estar. Interessantíssimo. Parece um programa infantil. A apresentadora cola coisas em um painel, separando o que faz bem e o que faz mal dependendo do caso que esteja sendo discutido. O caso normalmente é a dúvida de algum pobre. Coisas do tipo "tenho cisto no ovário e quero saber se posso engravidar". Porque a grande preocupação do pobre é procriar. O programa é educativo, chega a ser divertido.
Céus!
Sabe o que aconteceu?
A senhorinha foi escrachada e até ameaçada de morte pelas redes sociais.
E aí?
E aí que o fato repercutiu imensamente.
Até que a BBC resolve pôr tudo a limpo. E procurou-a para uma entrevista. Ela aceitou.
E aí é que vem o melhor.
Olhem o trecho a seguir da entrevista. Reparem nas marcações em vermelho.
Repararam?
Repararam na questão da troca de "g" pelo "j"?
Repararam na senhorinha perguntando se essa questão deveria aparecer na entrevista?
Repararam nela se sentindo ridicularizada (ohhhhhh!) apenas porque lhe fizeram uma pergunta sobre a troca de um "g" por um "j"?
Pois é.
Essa coleguinha escrachou, debochou, humilhou, menosprezou, menoscabou, ridicularizou, ofendeu, espezinhou gente pobre.
Como ela chama ao escracho, ao deboche, à humilhação, ao menoscabo, à ofensa e ao ridículo?
A isso ela denomina de humor cáustico.
E quando a questionam apenas pela trocha de "g" por um "j"?
Silvia Pilz acha que isso a ridiculariza.
Hehehe.
Fazer humor sobre os outros, meus caros, é refresco (é igual à pimenta naquele velho ditado, meio chulo, mas bem conhecido e muito apropriado a muitas circunstâncias).
Ridicularizar os outros é refresquíssimo.
Só é.
Excelente apreciação.
ResponderExcluirBom para reflexão nestes tempos onde tanto se prega a tolerância. Onde...muitos não sabem (consciente ou inconsciente)onde termina a tolerância e começa a intolerância.
Bemerguy, vc foi cirúrgico, mais uma vez, e toca nesse ponto referido pelo anônimo.
ResponderExcluirComo fica o direito de manifestação do pensamento, de expressão, de critica, de liberdade intelectual e todo esse matagal de direitos que serve quando se quer aniquilar a dignidade dos outros, mas que não existe quando o caso é criticar a mídia, a arte, a imprensa.
Poucos tem a grandeza de ouvir a critica, ou ser chamado a responder judicialmente por quem se sente ofendido.