terça-feira, 12 de agosto de 2014
É possível uma solução pacífica?
Ninguém em sã consciência aceita o que está acontecendo no Oriente Médio e nas estepes asiáticas. O que se tem observado nos jornais televisivos: fogo, fumaça e devastação. Não bastassem Gaza, Ucrânia, Síria, Iraque, eis a Líbia novamente sob o ataque de milícias. Todos puxam a brasa para suas sardinhas. Todos sofismam. Todos se desviam do caminho reto, para os estratagemas. Não se percebe um projeto que venha trazer dignidade e felicidade para esses povos tão sofridos e esquecidos. Além de tudo, não se vê vontade política para que se evitem os massacres que a todo o momento acontecem.
A guerra civil continua nas estepes do leste da Ucrânia. Diante da incapacidade da ONU de chegar a um entendimento sobre punir a Rússia pela anexação da Crimeia e por apoiar rebeldes separatistas, os Estados Unidos e a União Europeia impõem sanções à Rússia, as mais severas desde a Guerra Fria. A Rússia ameaça elevar o preço do gás consumido na Europa. Cerca de 30% do produto consumido na Europa é fornecido pelos russos. Por causa do apoio do Kremlin aos separatistas ucranianos, os EUA bloquearão as exportações de bens e tecnologia do setor de energia e restringirão os financiamentos. A UE proibirá bancos estatais russos de operar em seu mercado e reduzirá as transações comerciais.
As pressões não devem obscurecer o fato de os EUA patrocinarem ações análogas às dos russos. Especialistas acham que, ao determinar sanções contra o Irã e a Rússia, montar bases de lançamentos de mísseis a cinco minutos de Moscou, enviar drones assassinos contra o Paquistão, o Iêmen e o Afeganistão, armar mercenários na Síria, treinar e equipar os curdos no norte do Iraque e pagar pela selvageria de Israel contra Gaza, o presidente dos EUA se coloca no centro do caos.
No Oriente Médio, acredita-se que Israel reconhece o direito dos palestinos terem seu próprio Estado e viverem em paz. Muitos palestinos e outros (países e cidadãos) muçulmanos e árabes não reconhecem, no entanto, o direito de um Estado judaico em Israel. O Hamas controla a Faixa de Gaza e transforma o apoio financeiro que recebe de outras nações para investimentos públicos de infraestrutura para os palestinos, em apoio armamentista, obrigando civis a darem cobertura e atacando Israel incessantemente. Agora, todo mundo sabe que o sistema de defesa antiaéreo israelense, o Domo de Ferro, é capaz de interceptar esses mísseis, daí existe tal desproporção nas vítimas do conflito.
Os críticos de Israel dizem que a operação militar em Gaza é desigual, descomunal, especialmente pela quantidade de mortos do lado palestino. Mas os israelenses acham que essa é uma leitura equivocada. Que não se trata de nenhuma população desprotegida. O que existe é um grupo armado até os dentes. A quantidade de túneis descobertos a cada momento e a capacidade bélica desse grupo mostra que o Hamas não tem nenhuma finalidade pacifista. O Hamas vem atacando Israel há mais de um ano, atirando foguetes contra civis. Não é algo desproporcional. Trata-se de um Estado que foi provocado e está reagindo. Quando se entra em uma briga, é preciso lidar com a força de seu adversário.
Na realidade, é uma nova velha guerra. Os palestinos lutam pela volta dos refugiados expulsos durante a criação do Estado de Israel, em 1948, mas o Estado judaico teme sua destruição. Israel deseja ser reconhecido como Estado e que a Palestina seja desmilitarizada, mas grupos extremistas querem pegar em armas e destruir Israel. Os palestinos querem uma distribuição mais igualitária de água, mas Israel controla a maioria das fontes subterrâneas da Cisjordânia. Após trégua recente de 72 horas, os combates começaram no início da madrugada. É possível uma solução pacífica? A paz é possível desde que as partes queiram, verdadeiramente, conversar. Israel deu sinais positivos de que deseja dialogar. Os palestinos se manifestaram através de Mahmoud Abbas pelo Fatah. E o Hamas?
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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