segunda-feira, 31 de março de 2014

"Baioneta não é voto e cachorro não é urna"



Era 13 de maio de 1978.
Dia da Abolição da Escravatura.
Em plena ditadura.
Concentrações em praças públicas estavam proibidas.
Naquele dia, o deputado Ulysses Guimarães, presidente nacional do então MDB, estavam na praça do Campo Grande, centro de Salvador (BA).
Acompanham-no Tancredo Neves, Freitas Nobre e Saturnino Braga, expoentes do único partido de oposição então em funcionamento no país, que vivia o período do bipartidarismo e tinha na Arena o partido que apoiava o governo.
Todos marchavam em direção à sede do PMDB.
A polícia cercara desde cedo a praça e prendera estudantes e líderes políticos locais - como o economista Rômulo Almeida e Domingos Leonelli.
Policiais armados com fuzis e munidos de cachorros ferozes antepuseram-se à marcha que tinha Ulysses à frente. Vejam aí, nas fotos de Luciano Andrade, que na época trabalhava no jornal Tribuna da Bahia.
"Respeitem o líder da oposição", bradou Doutor Ulysses.
Em seguida, com o braço levantado, rompeu a barreira policial e entrou na sede do MDB. Pouco mais tarde, de uma das janelas do velho casarão, discursou: "Soldados da minha pátria! Baioneta não é voto e cachorro não é urna."
Neste dia em que o país lembra os 50 anos da ditadura, não nos esqueçamos - nunca, jamais: "Baioneta não é voto e cachorro não é urna."

Um comentário:

  1. Triste é ver e constatar que parte daqueles que lutaram contra a ditadura militar de direita hoje se locupletam descaradamente do dinheiro do povo em tenebrosas transações, como cantou Chico Buarque.
    Aliás, onde está Chico? onde estão hoje os artistas? onde estão os intelectuais que tanto pressionaram naqueles anos de chumbo, hein?!
    Mudos? ausentes? omissos? em meio a essa maré fétida de corrupção...assistem a tudo com a conivência de conveniência?!
    Ah, sei.
    Disquerda tudo pode.
    Salve a seleção, pra frente Brazilzil!!!

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