terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Sônia Suely de Almeida Campelo
Selvagerias, bestialidades clamorosas exigem um enorme esforço de quem pretende manter a moderação e o comedimento.
Diante da violência - avassaladora, devastadora e crescente - que ceifa vidas e expõe a bestialidade humana em suas feições mais aterradoras, mais aterrorizantes, é muito, muito difícil mesmo represar as nossas indignações dentro de limites que nos permitam preservar um mínimo de racionalidade, moderação e comedimento.
Vejo-me presa de indignação incontrolável diante da selvageria que grassa em Belém - e, por extensão, em qualquer lugar.
Vejo-me sob os grilhões da indignação incontrolável diante da barbárie que tirou do nosso convívio uma amiga do coração como Sônia.
Sônia Campelo.
Sônia Suley de Almeida Campelo.
Minha amiga Sônia.
Matar é crime.
Matar alguém como Sônia não é só um crime. Mais do que isso, é bárbaro, selvagem, animalesco.
É a negação do mais remoto, do mais imperceptível resquício de humanidade.
É expor a bestialidade humana em sua face mais aterradora.
Sônia foi morta por asfixia.
É inacreditável que alguém como ela tenha sido barbarizada dessa forma.
Sônia arejava, renovava os ares dos ambientes onde se encontrava, seja no trabalho, em reunião com amigos ou no convívio de sua família.
Trabalhávamos juntos, a cinco metros um do outro.
Foi um das pessoas mais generosas que já conheci.
Prestativa e solidária aos extremos, às vezes dava a impressão de que se impunha o dever de carregar, sozinha, deveres e obrigações que poderia compartilhar com os outros.
De irradiante alegria, transmitia a certeza de que, sobretudo nos momentos em que as surpresas da vida desafiavam a sua bravura, rir um pouco - e como ela ria! - ajudava a desanuviar os horizontes que tempestades começavam a turvar.
É inacreditável, é revoltante, intolerável e inadmissível que uma vida como essa tenha sido trucidada pela violência que nos amedronta, desorienta, atordoa, dispersa e desagrega.
Pela violência que mata.
A violência que ceifa vidas é a mesma que nos leva a devaneios.
Quando me deparo com atrocidades como a que tirou a vida de Sônia, meus devaneios me levam para longe daqui, me transportam para muito distante daqui, rumo a outras paragens, sabe-se lá quais.
Mas acabamos ficando por aqui mesmo.
Correr para onde?
Buscar proteção onde?
A quem responsabilizar por inações e omissões que nos forçam fincar os pés atrás das grades de nossas casas, enquanto bandidos estão aí por perto, livres, leves, soltos e prontos para dar o bote no primeiro que se apresentar?
Não adianta correr.
Não adianta nem mesmo ir embora pra Pasárgada, como no poema de Bandeira.
Porque lá, em Pasárgada, podemos ser até amigo do rei; mas quem nos garantirá que o rei estará seguro?
Temos mesmo é que ficar por aqui, pugnando por uma cidade, um país, um mundo que produzam novas Sônias para viver em sua plenitude, e não para serem trucidadas brutalmente. E por nada, absolutamente nada.
Sônia Campelo aparece na foto aí em cima (extraída de seu perfil no Facebook), ao lado de sua mãe, dona Salomé, que também já se foi em agosto do ano passado.
Ambas estão no céu.
É claro que estão.
Lá, certamente, estarão intercedendo para que, em vez de irmos embora pra Pasárgada, perseveremos incansavelmente para não deixar que a violência prevaleça e nos torne reféns do medo, do terror e de barbáries como as que arrancam pessoas queridas do nosso convívio.
Barbáries capazes de matar criaturas como Sônia Campelo, mas que não serão, jamais, capazes de apagá-la da lembrança dos familiares e amigos que tanto a quiseram bem.
Triste perdermos uma pessoa como a Sônia e da forma tão brutal como foi. Indescritível a revolta que assola nossa mente e coração ao percebermos a sensação de impotência e sentirmos que a violência está tão perto de nós. Só nos resta torcermos para que este assassino ou assassinos sejam encontrados e punidos, mesmo sabendo que isto não trará de volta a nossa querida colega Sônia Campelo. Meus sentimentos a todos aqueles que fazem parte do seu círculo de amizade e a toda família. Francisco Guimarães.
ResponderExcluirLamentável1 conheci Sônia, frequentei a casa da família próximo a Vigia, estou triste e espero em DEUS que ela esteja num mundo bem melhor que este cheio de atrocidades. Margareth SAmpaio
ResponderExcluirEstou chocada com a violência sofrida por nossa colega Sônia. Vai ficar, para sempre, em minha mente aquele sorriso bonito dela quando me dizia: "oi, tudo bem ?". Sônia, vai com Deus. Ele, com certeza, te recebeu de braços abertos. Meus sinceros sentimentos aos seus familiares. Leila Eiró.
ResponderExcluirLamentavel. Minhas condolencias a voce e a familia, especialmente ao Marquinhos, irmao da Sonia, que conheço.
ResponderExcluirA Criminalidade, assola o Pará, graças a incompetência do secretario de segurança publica, que só sabe falar em falsas estatísticas de diminuição de homicídios.
ResponderExcluirInfelizmente o Pará, é um Estado sem lei e sem governo.
ResponderExcluirO problema é que o piloto(Jatene), sumiu, esta sempre de férias passeando na Europa.
ResponderExcluir♥Sônia Campelo♥
ResponderExcluir♥P Sempre em nossos corações♥
♥Vc vai fazer muita falta querida♥
♥ atendimento da JF♥
E revoltante que pessoas trabalhadoras que cumpre seus deveres pagando impostos sem ter uma segurança digna enquanto que os corruptos....incompetentes dirigentes desse Estado tem segurança 24 hs para si e seus familiares porisso nao estao nem ligando para crimes absurdos como esse a qual todos nos estamos expostos.
ResponderExcluirRevoltante...enojante....toma vergonha na cara governador do Estado
CÃES DE PALHA
ResponderExcluirMeu caro amigo Bemerguy, nunca sequer bebemos um vinho ou comemos algo juntos, mas possuímos, acredito, uma empatia e uma sintonia incomum. Sempre que conversamos – a maioria das vezes por telefone – fico impressionado como, ao fim de nossos debates, nos entendemos, ainda que discordando.
Obtive a informação do evento terrível que fulminou a vida da sua amiga Suely aqui em Brasília, conversando com um desembargador que conheço desde quando ele era juiz federal, e que dela se lembrava, sabendo inclusive tratar-se de uma irmã do Dr. Antonio Campelo, que trabalhava também na Justiça Federal. Após a conversa, acessei incontinenti o Espaço Aberto e deparei o seu sofrimento. Liguei e você atendeu, com a voz de quem estava destruído, amputado, sem o chão.
Após nossa conversa a ficha foi caindo. Como podemos nos acostumar com as notícias quotidianas de assaltos, estupros, mortes e toda sorte de violências em Belém? Em que estamos nos transformando? Será que essa será mais uma morte em vão, que após alguns dias será aceita como algo banal, que poderia acontecer com qualquer um, como se fora algo “normal”? A família dessa moça arcará sozinha com esse peso, com esse arrebatamento, para sempre, assim como tantas outras?
Não, meu amigo, não acredito que estejamos discernindo o que está acontecendo entre nós, que vivemos, crescemos, criamos nossos filhos, e tentamos continuar uma “civilização”! Não, meu amigo, não é possível que estejamos deixando que o egoísmo de nossas vidas privadas superem a nossa obrigação coletiva de resolvermos aquilo que nos fustiga como grupo, como sociedade, que, em tese, tem o mesmo objetivo de bem comum!
Se esquecermos de que forma ocorreu a morte dessa mulher, dessa moça, dessa pessoa que para os irmãos, pais e amigos ainda é a mesma menina doce com quem conviveram e sabem dos seus mais genuínos sentimentos. Se isso ocorrer, se deixarmos isso passar como mais um evento normal da Belém atual, então, meu amigo, sejam quem forem os criminosos que perpetraram a barbárie, não somos tão diferentes deles, porque nos tornamos partícipes dos seus atos enquanto espectadores resignados, espetáculo dos qual passamos a fazer parte, por uma osmose conivente, de uma sociedade que nossa omissão ajudou a formar.
Se isso passar, nos próximos dias, em branco, nossa diferença dos bandidos será apenas na forma da covardia.
Somos de verdade criaturas de Deus, ou representamos aqui apenas uns meros cães de palha[1], como se estivéssemos num ritual diário, que de vez em quando fará um de nós ser descartado como algo banal?
Acredito que devamos nos reunir, nas escolas, nos locais de trabalho, nas igrejas, nas entidades de classe, e, sem motivação partidária, procurar meios, formas e fins para lutar contra esse estado de coisas a que chegamos.
Como inciaremos?
[1]Jonh Gray no livro “Cachorros de Palha” (p. 50) diz: “Nos antigos rituais chineses, cachorros de palha eram usados como oferendas para os deuses. Durante o ritual, eram tratados com a mais profunda referência. Quando terminava, e não sendo mais necessários, eram pisoteados e jogados fora: “Céu e terra não tem atributos e não estabelecem diferenças: tratam as miríades de criaturas como cachorros de palha.” Se os humanos perturbarem o equilíbrio da Terra, serão pisoteados e jogados fora. O críticos da teoria Gaia dizem que a rejeitam porque não é científica. A verdade é que têm medo e ódio da teoria, porque isso significa que os humanos nunca podem ser nada além de cachorros de palha”
De uma família amiga, para outra família mais amiga ainda.
ResponderExcluirEstamos muito sintonizados em orações por vocês e solidários a dor que ninguém gostaria de estar passando, ainda mais sendo tão trágica como aconteceu com nossa alegre Sônia. Que o Espírito de Deus Consolador repouse em vocês, lhes dando força para seguir em frente, apoiando-os uns aos outros, sempre na União e no Amor que percebemos que vocês cultivam, uns pelos outros. Sejam perseverantes na Fé e sobretudo nos propósitos de cada um, que é, sempre serem do BEM. Jesus e Maria Santíssima estejam sempre em vocês. Nazaré,Murilo,Maurão,Sabino,Marília,Márcia....
A saudade será eterna ,pois Sonia Campelo e inesquecível! O que aprendi com ela ? Algo muito simples :amar ao próximo. Qd estava hospedada em sua casa estava com hepatite A e todas as noites ela kevava um mingau na cama pra mim...isso e muito, impagável .
ResponderExcluirMais uma mulher morta nessa AmazÔnia. Lastimo e me solidarizo com a família.Paz para o planeta...
ResponderExcluirMeu Queridos Amigos, Mauro e Marquinho Campelo, e com imensa tristeza que estou escrevendo, conheci Sônia através de vocês e seu como ela era alegre, ver essa noticia pela televisão me chocou muito, conheço sua Família desde quando tinhas 15 anos, da Paróquia de Santa Luzia, quando vocês e seus pais frequenta vos ainda vivos, que o espírito de Deus console seus corações, sei quando sua família e boa, estamos rezando por vocês, faço as palavras da família do Maurão, Marilha as nossos, Cristina Teixeira, Miguel Teixeira,
ResponderExcluirÉ lamentável mais esta perda. Nos sentimos tão desassistidos em tudo em nosso estado, sobretudo na segurança pública. Permanece um secretário de estado com uma estatística ridícula debaixo do braço. Homem ridículo. Ele se esqueceu que a segurança já derrubou muito candidato ao governo. Deveria ter vergonha!
ResponderExcluirEstudei com Sonia e apesar de termos nos afastado por muitos anos,sinto muito o que aconteceu com vc amiga, que sempre foi uma pessoa muito especial,mas como acredito que isto aqui não é o fim,fique em paz com Deus.
ResponderExcluirO que será de nós? sair para trabalhar e não sabemos se voltaremos ao nosso lar.Sinto muito o que aconteceu, conhecia Sonia e dela quero guardar o seu sorriso, o alto astral. Segurança Pública...onde se encontra? temos é que ter vergonha na cara e nos colocarmos no lugar dessa família que sofre com a violência em nosso estado, juntos gritarmos por JUSTIÇA!!!
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