segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Zona de escape de Jatene é mais um twist carpado
Não é pacífico no PSDB - não é mesmo - o entendimento de que o governador Simão Jatene oferecerá ao distinto eleitorado um professoral, exemplar, magnânimo e incomparável exemplo de coerência política se, optando por concorrer a mais um mandato, desincompatibilizar-se do cargo para disputar em igualdade de condições com os concorrentes.
O governador, sabem todos, sempre foi contrário ao instituto da reeleição.
Em junho de 2008 - corria então o segundo ano do governo Ana Júlia Carepa -, Jatene deu uma longa entrevista ao Espaço Aberto, em que defendeu a qualificação do debate político.
Disse-o àquela altura ao blog, ao negar enfaticamente especulação de que ele não teria se empenhado em favor da eleição de Almir Gabriel porque, em verdade, queria mesmo ser o candidato tucano à reeleição, o que seria natural, já que era o governador do Estado na época:
“Isso não tem a menor procedência. Não tem o menor fundo de verdade. Eu jamais pensei em concorrer à reeleição. Por convicção, por princípio, sempre fui contra a reeleição. E nisso, aliás, sempre divergi do Gabriel. Sempre achei que reeleição não é salutar. Todos no partido conheciam essa minha posição. O que aconteceu, então? Tínhamos que eu não queria disputar a reeleição, e o Gabriel queria candidatar-se a um terceiro mandato. Juntou-se, portanto, a fome à vontade de comer. E ele se candidatou, com o apoio de todos nós.”
Esse cenário, em que Almir Gabriel foi definido como o candidato tucano para enfrentar Ana Júlia Carepa, era em 2005 ou 2006. Agora, estamos em 2014. Uns oito anos depois. Os tempos são outros. Os personagens, idem. As circunstâncias, idem, idem.
Jatene está no cargo. Em tese, tem condições de se reeleger, até porque tem a máquina nas mãos. Mas Sua Excelência tem dito que continua fiel ao princípio de que reeleição não é salutar.
E agora, o que ele dirá em casa?
O que Jatene dirá aos eleitores?
Como justificará seu posicionamento, caso decida concorrer a um novo mandato de governador?
Vai invocar aquela velha máxima - que é sábia, em muitas ocasiões, mas em outras é uma explicação guarda-chuva para tentar justificar incoerências - de que só os imbecis é que não mudam de opinião?
Jatene, até agora, está propenso a buscar uma zona de escape, digamos assim, para evitar que o acusem de incoerente.
A zona de espace é a tal desincompatibilização, com a qual não concordam vários tucanos, achando que isso é uma bobagem, como se diria, sesquipedal. Uma daquelas bobagens sem tamanho, que ao fim e ao cabo não contribuiriam para evitar que o governador fosse criticado.
Essa bobagem, em linguagem, digamos assim, mais tucana seria, mal comparadamente, a um salto duplo twist carpado que seria impressionante aos olhos, mas não propriamente à razão. E nem atenderia aos propósitos éticos ansiados pelo governador, que, uma vez desincompatibilizando-se do cargo, inevitavelmente estará se habilitando a voltar, sucessiva e imediatamente, ao mesmo cargo do qual se desincompatibilizou, o que formalmente não seria um reeleição, mas na prática sim.
E então, o que é que os tucanos indicam como mais viável a Jatene, a esta altura do campeonato de definições?
Indicam, simplesmente, que o doutor se dispa (do verbo despir, bem entendido), se desnude, se desgarre de certos pruridos éticos e, simplesmente, concorra à reeleição, mantendo no cargo, of corse.
Isso seria mais autêntico, entendem vários tucanos, do que dar saltos mirabolantes que, ao final, levarão o saltador a cair no mesmo lugar de onde começou a fazer suas mirabolâncias.
E Jatene, o que diz sobre essas ponderações?
Ainda não se sabe.
Vai viajar com a esposa, em curtas férias para o exterior.
Na volta, decidirá.
Ou será que o salto tem duas letras: JB?
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