quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quem assume as consequências do rolezinho?



Vejam só.
As imagens são de ontem, extraídas do Facebook.
Quase 800 pessoas já confirmaram presença nesse tal de rolezinho, marcado para sábado, no Shopping Boulevard.
A polícia, segundo apurou o blog, continua monitorando tudo.
Tintim por tintim.
Dia a dia.
Hora a hora.
Mas o interessante é um dos textos que, digamos assim, introduz o distinto público nas artes do rolezinho.
Ali se lê o seguinte trecho, ipsis literis:

Ao contrário do que alguns jornais têm insinuado, não possuímos nenhuma espécie de objetivo ilícito ou ilegal, e qualquer pessoa que se diga participante do rolezinho e que ultrapasse os limites da lei não nos representa em absolutamente nada e deverá arcar com as consequências de suas ações.

Viram?
Não possuímos nenhuma espécie de objetivo ilícito ou ilegal.
Nós quem?
Quem é que não possui - ou possui - qualquer espécie de objetivo ilícito ou ilegal?
O autor que escreve isso é ninguém.
Ninguém sabe quem ele é.
Ninguém sabe quem ela é.
Ninguém sabe em nome de quem essa pessoa se manifesta.
A convocação para um programa normal, banal, corriqueiro, inofensivo, agregador não exigiria anonimatos, né? Realmente, não exigiria.
Ao contrário, seu autor - ou autores - faria questão de revelar-se, de mostrar a cara, de dizer quem é e que veio.
Mas não.
Um rolezinho maneiro está sendo convocado por um anônimo, por um ninguém, por um mascarado virtual, que assim aproveita para eximir-se de imputações penais - e outras quaisquer - em decorrência de seus atos.
Ele, o anônimo, passa a pelota para os participantes, os aderentes, os que confirmaram presença no rolezinho, esses sim, perfeitamente identificados. Mas, como diz o texto, se alguém arrupiar, se alguém "ultrapassar os limites da lei, deverá arcar com as consequências de suas ações".
Então, tá.
Olhem, meus caros, já disse o Espaço Aberto, na postagem O rolezinho, o politicamente correto e a imbecilidade:


Se os rolezeiros residem em conjuntos populares ou em condomínios superluxuosos da Vila Nova Conceição – onde está o metro quadrado mais caro de São Paulo -, não importa.
Se os rolezeiros são jovens da periferia ou são ricaços – playboyzinhos, filhinhos e filhinhas de papai, como se diz -, não importa.
O que importa é a natureza, a forma, o modo como esses grupos – que não são pequenos, repita-se, mas enormes – ingressam nesses shoppings.
O que importa é se querem arrupiar, tumultuar, fazer arruaças ou não.
Isso é o que verdadeiramente importa.
No mais, é o rolezinho.
É o politicamente correto.
É a hipocrisia.
É a imbecilidade.

É isso.
Sem tirar nem pôr.

Abaixo, ipsis literis, o texto extraído da página do Facebook que convida para o rolezinho maneiro, inocente, politicamente correto no Shopping Boulevard:

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SOBRE A EDIÇÃO PARAENSE DO ROLEZINHO:

Tendo em vista tudo o que se desenrolou nas reações estouradas, o rolezinho se tornou uma forma de protesto, pelo fato de ter escancarado aquilo que vive escondido nos discursos vazios da classe média: o seu preconceito e racismo. E mal foi aberta a possibilidade de acontecer a edição paraense do rolezinho, logo a máscara da classe média paraense caiu: o que mais se viu, tanto no evento aberto quanto em comentários por sites que noticiaram do rolezinho em Belém, foi o quanto o paraense é preconceituoso. Rapidamente fomos taxados de "marginais", "analfabetos", "malacos" e etc. Assim como também fomos gravemente ameaçados, como em diversos fizeram questão de frisar que a sua vontade era mesmo a de "meter pipoco em todos esses marginais". O Rolezinho ainda nem aconteceu, mas já nos damos por satisfeitos por escancarar o quanto algumas pessoas podem ser gratuitamente violentas com quem elas não aprovam.

Assim como aconteceu nas jornadas de junho, o contra-discurso da classe média sobre os rolezinhos foi o de desapropriação daquilo que ele tem representado nas suas edições: com sugestões para ir fazer rolezinho em bibliotecas, em centro de doação de sangue, até mesmo fazer um rolezinho para "capinar quintais", entre outros absurdos que, na mentalidade do brasileiro médio, fazem completo sentido. Entendemos que o Brasil possui diversos problemas e que todos, caso haja esforço mútuo, podem ser resolvidos, mas vale frisar de que desapropriar discursos daquilo que está em voga não valem como reforço mas somente como forma indireta de dispersar uma força potente e existente.

O OBJETIVO DO ROLEZINHO BELÉM:

Ao contrário do que alguns jornais têm insinuado, não possuímos nenhuma espécie de objetivo ilícito ou ilegal, e qualquer pessoa que se diga participante do rolezinho e que ultrapasse os limites da lei não nos representa em absolutamente nada e deverá arcar com as consequências de suas ações. Por isso, já que estamos sendo "monitorados pela Polícia", fica aqui, autoridades legais, o registro escrito de que não há nenhuma intenção ilegal na nossa edição do Rolezinho. Ficamos até mesmo alegres em saber o que o policiamento foi reforçado nas intermediações do Shopping Boulevard, pois é essa uma das necessidades da população: segurança pública.

O objetivo real, ou pelo menos com o que abrimos aqui essa movimentação, é de somente se solidarizar contra a violência imposta aos jovens da periferia e fazer uma ocupação pacífica de um espaço que tem na base da sua publicidade dizer que é de livre circulação de TODOS.

Faltam poucos dias, e esperamos todos nesse sábados lá no Shopping Boulevard para dar um rolezinho!

3 comentários:

  1. Mandem a imprensa pra lá. A PM vai?

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  2. Como o organizador do evento registrou "...fazer uma ocupação pacífica...", como se fossem do MST ou uns sem-teto. Estudar não querem, por isso esse movimento não possui objetivo.

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  3. FAzer ocupação em empreendimento particular?????

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