quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Marketing invasivo não passa de uma patifaria


Mas que coisa, hein, meus caros?
Belém começa mesmo a importar o que não presta.
Tudo aquilo que não é bom pra ninguém, por configurar uma invasão de privacidade, começa a ser importado por algumas empresas com sede em Belém.
Por exemplo: o marketing telefônico.
Por exemplo: ligar pra casa dos outros, a qualquer hora do dia, para oferecer produtos, inclusive apartamentos.
O repórter já recebeu vários telefonemas desses. E nem se permitiu escutar algo mais do que o tradicional intróito “o senhor não estaria interessado...?
Bastou isso para que o telefone fosse desligado sem sequer uma resposta.
Ou melhor: bater o telefone foi a resposta. Uma tímida resposta, que para ser completa bem que poderia vir acompanha de impropérios – de A até Z, de Z até A.
Mas como impropérios nada resolver, a não ser despejar um pouco do ódio no coração da gente contra essas importunações, desligar o telefone sem dar uma palavras talvez seja menos pior.
Porque é o seguinte: não. Mil vezes não.
O repórter aqui não está interessado em que liguem para a sua casa.
Não está interessado em ver que o número de seu telefone, inscrito como reservado na operadora de telefonia, seja descoberto por um desses sistemas robóticos que os call centers utilizam para rastrear telefones aleatoriamente, com o único objetivo de ligarem para sua casa oferecendo de apartamentos a produtos bancários, passando por sutiã número 494 e bronzeador com fator de proteção nº 856,65.
O repórter, como também milhões de pessoas, não está interessado em nada disso.
O repórter se acha no direito de tratar a pontapés essas empresas despudoradas que ligam despudoradamente para a sua casa, devassando a sua privacidade, para oferecer-lhe produtos.
Essa prática deveria ser proibida no Brasil. Proibida.
Porque é audaciosa, desrespeitosa, afrontosa, bandida, patifa.
Ligar um desconhecido para sua casa, em qualquer horário, e começar com aquelas insinuações verbais que tentam torná-lo íntimo dele – ou dela - para depois oferecer-lhe um produto qualquer, isso é uma patifaria.
Uma grossa, rematada patifaria.
Aliás, essas práticas são inspiradas pelo setor de marketing dessas empresas, não é?
Então, algum desses marqueteiros poderia oferecer o seu telefone pessoal, o seu telefone residencial para o repórter ligar a hora que bem entender, oferecendo-lhe um litro de açaí-papa a R$ 10,00?
Algum desses marqueteiros se dispõe a ir ao aeroporto de Belém e passar, sem aborrecer-se, pela frente daquele biombo, daquele quiosque ou seja lá o que for, onde vendedores de assinaturas de revistas avançam nos passantes como se fossem escalpelá-los, numa audácia e num desrespeito sem tamanho?
Essas empresas acham natural descobrir o número de nossos telefones, arrombar nossas portas e devassar a nossa privacidade?
Tudo bem. Plec, plec, plec pra elas.
E nós, em reação, não temos o direito de mandá-las, em altíssimo e bom som, para onde merecem ser mandadas?
Por que não proibir essas estratégias de marketing – agressivas, audaciosas, invasivas, afrontosas, que despertam um ódio inesgotável no coração da gente?
Algum marqueteiro, na boa, poderia explicar essa parada?

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