segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papa Francisco recebe imagem de Nossa Senhora de Nazaré




No final da tarde deste domingo (28), o Papa Francisco – que já se emocionara em frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil - recebeu mais um importante símbolo da devoção mariana no país: uma réplica da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraenses. No Riocentro, o arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, e o secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes, entregaram o presente, encomendado especialmente para o pontífice.
Eles levaram, ainda, uma bandeira nas cores do Pará e do Brasil, e entregaram a imagem durante o encontro do Papa Francisco com os jovens voluntários da Jornada Mundial da Juventude, último compromisso dele no Brasil, antes de retornar ao Vaticano, na noite deste domingo.
A receptividade do Papa emocionou Adenauer Góes, ao entregar o presente que representa a fé e a devoção dos cerca de 2 milhões de romeiros que, todos os anos, acompanham o Círio de Nazaré em Belém, capital do Pará.
“Eu disse a ele que, com esta imagem, nós levávamos a energia, a fé e o abraço fraterno do povo paraense, no cumprimento da missão que foi destinada a ele. Disse que a Virgem de Nazaré significava pra nós a Virgem desatadora de nós, e que ela era a mesma Virgem que ele começou a venerar após sua passagem pela Alemanha”, contou o secretário.
“Estou feliz e emocionado. Escrevemos um importante capítulo na história do nosso Estado, da devoção do povo paraense a Nossa Senhora de Nazaré. Entregar este presente significa fortalecer ainda mais o Círio de Nazaré como evento turístico e religioso no Pará”, acrescentou.
Vínculos - Dom Alberto Taveira, que esteve com o Papa na tarde da última sexta-feira (27), ouviu, ao lado de outros religiosos, as recomendações do Papa para a Amazônia, que segundo ele deve ser priorizada em diversos aspectos. Para o arcebispo, a entrega da réplica da imagem peregrina foi um importante passo para criar vínculos entre o Papa, a Amazônia, o Círio e o Pará. “Foi um momento de grande significado para todos nós. Ao entregar o símbolo maior do Círio ao Papa Francisco, estabelecemos um vínculo entre ele e a Amazônia. O momento representou uma grande alegria para a Arquidiocese de Belém”, afirmou Dom Alberto Taveira.
Na tarde da última sexta-feira (26), Dom Alberto Taveira coordenou a realização de uma procissão com a imagem peregrina original de Nossa Senhora de Nazaré, no Riocentro. “A Arquidiocese de Belém agradece ao Governo do Estado, através da Setur e da Paratur, por ter encomendado a réplica da imagem de Nazaré e nos dado esta oportunidade de presentear o Papa Francisco”, declarou Dom Alberto.
Presente - Artistas paraenses criaram e confeccionaram o presente ofertado ao Papa Francisco. A gemóloga e lapidária Leila Salame e o ourives Francisco de Assis Cardoso, profissionais do Polo Joalheiro do Pará, integraram a equipe responsável pela criação e confecção da réplica da imagem. O trabalho meticuloso dos profissionais destaca técnicas da joalheria paraense, desenvolvidas no Espaço São José Liberto, mantido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).
"A emoção é grande, por saber que a réplica da imagem foi entregue ao Papa. Esse trabalho de confeccionar um manto para a imagem de Nossa Senhora foi um sonho realizado, ainda mais por saber que o presente ficará eternizado ali, no Vaticano, junto ao Pontífice", enfatizou o ourives Francisco Cardoso.
A participação também foi marcante para Leila Salame. “Eu me senti emocionada por ter sido convidada para lapidar as gemas deste manto, pois sou católica e devota de Nossa Senhora de Nazaré”, ressaltou Leila, que já lapidou gemas para outros mantos de Nossa Senhora. A imagem ofertada ao Pontífice foi apresentada durante uma coletiva à imprensa, no último dia 16 de junho, no Centro Social de Nazaré.
Além de Leila Salame e Francisco Cardoso, integraram a equipe o escultor Max Santos, os artistas Jean Negrão e Socorro Lassance, e  as irmãs da Congregação Coração Imaculado de Jesus.
Refinamento – A criação foi meticulosa em todas as fases, como na elaboração da escultura, que levou cerca de dois meses, e foi realizada em duas etapas. A peça foi toda esculpida, e depois recebeu a pintura em policromia.
De acordo com Max Santos, que há 13 anos trabalha como escultor de imagens e restaurador de antiguidades, a réplica foi confeccionada em cedro vermelho, policromia e folhas de ouro.
Socorro Lassance foi a artista responsável pela criação das caixas que conduziram o presente até o Rio de Janeiro. Jean Negrão criou o manto em tecido branco e ornamentado com bordados em fios dourados. No manto, o ourives Francisco Cardoso colocou filigranas, tramas e gemas. Entre a fundição do metal e a cravação das gemas, o trabalho durou aproximadamente 15 dias. O ourives também foi responsável pela confecção das coroas e do broche do manto.
As coroas de Nossa Senhora de Nazaré e do Menino Jesus são em prata, banhadas em ouro 18 quilates, com 24 diamantes e 12 rubis. No manto foram utilizadas 18 ametistas, 10 águas marinhas, um citrino, uma esmeralda e mais de 500 cristais tchecos. Leila Salame explicou que as gemas minerais, principalmente as ametistas, são características da região, com grandes jazidas no Pará.
A arte da lapidária Leila Salame deu o toque especial ao broche do manto. Confeccionado em ouro, com diamante, safira e ametista, em lapidação navete, o broche ganhou ainda a lapidação diferenciada com grafismos marajoaras, técnica desenvolvida pela profissional paraense, formada na antiga Escola Técnica Federal do Pará.
Leila Salame é uma das profissionais mais requisitadas entre os produtores de joias locais. O trabalho inovador já rendeu à Leila Salame um capítulo no Manual de Lapidação Diferenciada de Gemas, publicado pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional) e governo federal, com organização do designer de joias Adriano Mol, que destacou  o domínio técnico, graciosamente aplicado, em conjunto com o riquíssimo acervo gráfico marajoara, configurando-se em um dos mais expressivos trabalhos de lapidação diferenciada do Brasil

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