sexta-feira, 14 de junho de 2013

Datena dá salto suplo twist carpado em termos de opinião


Então é isso, gente.
Como diria José Luiz Datena, "essa é realidade dos fatos".
E a realidade dos fatos é que José Luiz Datena, ontem à noite, inscreveu seu nome na história da televisão brasileira como o apresentador que, num lapso temporal de duas horas, foi de um extremo ao outro, variou de comentarista judicioso e ponderado a um animador engajado e politicamente sensível às demandas sociais.
Num lapso temporal de duas horas, José Luiz Datena, o cara, fez do programa que apresenta na Band, a partir das 18h, uma vitrine de ciclotimia elevada à enésima potência.
Em seu "Brasil Urgente", José Luiz Datena, este monumento vivo ao comedimento, costuma fazer enquetes-relâmpago.
Lá pelas tantas, comentando um fato polêmico qualquer, ele dispara:
- Você aí, que é a favor da redução da maioridade penal, acenda e apague a luz de sua casa.
E Datena, o próprio, fica próximo, muito próximo a sofrer, ao vivo e em cores, um espasmo orgástico (huuulha!) quando Latino, seu auxiliar no programa, põe na tela as luzes de várias paragens de São Paulo acedendo e apagando, apagando e acendendo.
Pois é.
Ontem, no início da noite, aconteceu mais uma vez.
O programa de Datena mostrava uma multidão locomovendo-se pelas ruas de São Paulo.
Eram os manifestantes contra o reajuste das tarifas de transporte coletivo.
O poster, coincidentemente, acompanhava o programa. E ouviu, pelo menos uma quatro vezes, das 18h às 18h45, José Luiz Datena dizer que ele defenderia todas as formas de manifestação, desde que não descambassem para a baderna, a violência e o quebra-quebra.
Até que Datena apelou.
Num átimo, quando a manifestação estava engrossando e subia a rua da Consolação em direção à avenida Paulista, resolveu lançar no ar a sua enquete-relâmpago.
A pergunta era direta, clara, objetiva.
A pergunta era básica, informativa e formativa, ao estilo José Luiz Datena: "Você é a favor de protesto com baderna?"
Pronto.
E ponto.
Aí, o povo começou a votar.
E Datena, claro, esperando de arquibancada que o "não" vencesse de goleada, que o "não" desse um chocolate no "sim", tipo assim na proporção de 10 para um.
Rss.
Surprise.
O "sim" começou a ganhar.
Ganhando, começou a se encaminhar para uma vitória retumbante.
Em determinado momento, o resultado já estava em 2.050 votos no "sim" e 851 no "não".
E Datena?
Começou a gelar.
Começou a recuar.
A dar pra trás (como todo o respeito, of corse).
Datena, que criticou as depredações em programas anteriores, passou a dizer que a manifestação era pacífica e "um show de democracia".
"Fazia muito tempo que não via uma manifestação democrática e pacífica assim. É o povo", vociferou Datenão. "O povo está descontente. Eu falei que ninguém queria aumento."
E completou: "Entre bandido e polícia, prefiro a polícia. Entre povo e polícia, prefiro o povo", comentou.
Eita, Datena!
Grande Datena!
Sabem o coleguinha formador de opinião, a que o blog se referiu na postagem acima (intitulada "Não, senhores, não é uma revolução. É uma revolta.")?
Sabem o coleguinha que se põe naquela condição de tutor das vontades, dos impulsos e das tolerâncias daquilo a que chamamos de massa?
Pois é.
Ontem, não foi o jornalista que formou a opinião da massa.
Foi a massa que formou a opinião do jornalista.
E fez com que Datena, em duas horas, protagonizasse uma espécie de salto suplo twist carpado em termos de opinião.
Essa é a realidade dos fatos.

3 comentários:

  1. Tenho pena de você que, pelos ossos do ofício, precisa assistir a programas como este do Datena. Acho que ele é portador de bipolaridade hipócrita. Para quem acha que a violência que grassa no país é fruto daqueles que não acreditam em Deus, nada a espantar.
    O espantoso é ver um monte de canalhas comungando nas missas dominicais ou nos cultos dos pastores dos boletos.

    Kenneth Fleming

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  2. Toma-te! O apresentador esqueceu que a grande maioria dos espectadores de seu programa andam de ônibus. Jogou para a plateia, mas se esqueceu de avaliar o cenário, coisa de quem se ocupa de seus interesses pessoais sem pensar no resto do mundo. Aprendeu uma lição para mão mais esquecer.

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  3. Agora só não entendo o motivo deles "bota na tela" a votação q ficou em uma situação desfavorável para a emissora,q está sempre dando um jeito de manipular o povo brasileiro (claro q esta não é a unica emissora). Se não fosse a burrice da edição, ninguém saberia o resultado, e mais uma vez os q assistem a esse babaca seriam manipulados a não se manifestar, fora a falta d competência dele em não conseguir contornar a situação.

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