Com foco nas novas possibilidades de organização política proporcionadas pelas ferramentas de comunicação na internet, o Conexões Globais 2013 contou com a participação de pessoas que estiveram no epicentro deste processo: as manifestações globais que ocorreram a partir de 2011 na Europa.
Impulsionadas pela Primavera Árabe e tendo como alvo principal os efeitos da crise econômica que atingiu em cheio o velho Continente e a forma tradicional de se fazer política, os manifestantes ganharam as ruas, em protestos lúdicos organizados com auxílio das redes sociais.
Na Islândia, a utilização das redes foi além dos protestos. A nova Constituição do país foi elaborada com contribução dos cidadãos com o uso de ferramentas como o Facebook e o Twitter,como relatou Eiríkur Bergmann, membro do conselho constitucional que elaborou o novo texto. Já na Espanha, as redes amplificaram o sentimento das pessoas acampadas nas praças o que gerou uma onda de solidariedade em todo o país, segundo a análise um dos articuladores do movimento 15M, Javier Toret.
As novas formas de organização pelas redes tiveram eco em todo o mundo e no Brasil não foi diferente. Com suas peculiaridades, os movimentos sociais brasileiros também se apropriam cada vez mais das novas tecnologias para amplificar sua atuação e modificar sua forma de organização política. "Vivemos a emergência de uma nova cultura política. Duvidamos das formas de democracia baseadas na representação, na transferência, nas urnas", considera Antonio Martins, editor do site Outra Palavras.
No manifesto intitulado "O pós-capitalismo é possível", apresentado no segundo dia do Conexões Globais, Antonio considera que essa nova forma de organização com o uso das tecnologias de comunicação permite combater o capitalimo em seus valores centrais. "Rejeitamos a noção de que competir e acumular são os impulsos que movem o trabalho humano e a produção coletiva de riquezas. Estamos construindo, na prática, mecanismos de colaboração, compartilhamento, solidariedade, redistribuição", diz o texto.
No entanto, ele ressalta que ao mesmo tempo que trazem possibilidades de avanço, as redes também apresentam seus riscos. "Em especial, a ilusão de que somos majoritários, de que nossa cultura política converteu-se na cultura política de todos. É algo imensamente enganador, amplificado muitas vezes pela "guetização" produzida pelo Facebook – onde todo mundo só se comunica com seus iguais", ponderou.
O movimento feminista é um dos que se apropria cada vez mais da rede e econtra espaço na internet para veicular e organizar suas mobilizações. Um caso emblemático é o da Marcha das Vadias (Slutwalk), que surgiu no Canadá em 2011, após a declaração de um policial de que mulheres "que se vestem como vadias" eram culpadas pelos estupros sofridos. A indignação com a delcaração encontrou eco nas redes e gerou a primeira mobilização de rua em Toronto, que depois se espalhou por diferentes cidades do mundo e passou a ser realizada anualmente no mês de maio.
"A marcha se apropria da tecnologia como forma de libertação, como forma de estar no mundo, de articulação. É inegável que muito daquilo que a gente constrói passa pelos emails e pelas redes sociais", considera Jul Pagul, integrante da Marcha das Vadias em Brasília. A exemplo dos novos movimentos organizados com auxílio da internet, a marcha não tem liderança central, mas busca uma forma horizontal de organização. Em entrevista ao Portal EBC, Jul Pagul fala sobre a importância da utilização das redes nas novas mobilizações do movimento feminista.
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