segunda-feira, 18 de março de 2013

Os vaticanistas e seus vaticínios furados. Completamente.

Leiam esse texto de Nelson de Sá.
Está no site da Folha Online.
Leiam com a máxima atenção.
As apreciações são perfeitas.
Perfeitíssimas.
Expõem, nua e cruamente, a derrocada em que se transformaram as previsões dos vaticanistas, assim chamados os coleguinhas que tentam antecipar resultados de conclaves.
Para que continuem a ser requisitados nos próximos conclaves, os coleguinhas pretendem agora explicar, digamos assim, a inconsistência de seus vaticínios.
E para isso, recorrem a argumentações risíveis.
Leiam Nelson de Sá.

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John Allen Jr., o vaticanista da CNN e do americano "National Catholic Reporter", insistia ontem não ter errado nas suas apostas. "Eu estava meio certo", chegou a escrever, argumentando ter mencionado no dia anterior ao conclave que, "se houvesse um único candidato latino-americano forte, ele já teria a disputa no bolso".
O site da revista "Time" acreditou e postou ontem mesmo que Allen havia perfilado o argentino Jorge Mario Bergoglio "enquanto o resto da matilha jornalística focava o italiano Scola e o brasileiro Scherer". Falou até em "furo". Na verdade, Allen perfilou quase três dezenas de "papáveis" no "NCR".
Mas Allen não está sozinho, no esforço de apagar os rastros da especulação mal-sucedida. O vaticanista da revista "L'Espresso" e do jornal "La Repubblica", Sandro Magister, escreveu ontem que Bergoglio só "surpreendeu os que não notaram, nos dias anteriores, o surgimento de seu nome nas conversas entre os cardeais".
Se Allen linkou o post da "Time" em sua defesa, Magister linkou um perfil que ele próprio escreveu de Bergoglio, em que apresentava o cardeal argentino como "um sério candidato ao papado". O problema é que o texto havia sido publicado pela "L'Espresso" mais de dez anos atrás, o que torna a menção quase cômica.
Dos três vaticanistas de maior repercussão, foi Andrea Tornielli, do "La Stampa", quem admitiu mais francamente a "surpresa" com a escolha do argentino, ontem. Afinal, "parecia que os cardeais buscavam um papa jovem" e "parecia que escolheriam um 'governador' para a cúria". Bergoglio não é jovem nem administrador.
Curiosamente, na "matilha" de vaticanistas, Tornielli foi o que chegou mais perto. Ontem, o site da "New Yorker" destacava que há uma semana ele publicou longa entrevista com Bergoglio no "La Stampa", com "declarações reveladoras", como a de que a igreja deveria esquecer Roma e se voltar para a "periferia".
O título da entrevista foi "Tentação sul-americana pelo primeiro papa não europeu". Nela, Tornielli dizia que Bergoglio só não estava no "rosário de papáveis por sua idade". Dias antes, Tornielli já havia noticiado o movimento para levar "um latino-americano à Sé de Pedro", mas o nome que ouviu então foi o de d. Odilo Scherer.

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