Ombudsman critica Folha por não se retratar sobre plágio

Do Comunique-se

Publicada na coluna 'Finanças Pessoais', do caderno 'Folhainvest', uma ilustração assinada pela colaboradora Alice Abramo foi tema do texto de Suzana Singer nesta semana. O desenho trata-se de um plágio e a ombudsman criticou o impresso por não ter explicado o caso ao leitor. Faltou "expor o problema com transparência", comentou.

Feita do outro lado do mundo pelo designer gráfico Tang Yau Hoong, a arte foi publicada originalmente em 2012 na revista americana World Policy Journal. No Brasil, o desenho ganhou traços horizontais com alguns números e, segundo os relatos de Suzana, pouco tinha a ver com o texto.

Quem descobriu a cópia foi o leitor e publicitário Sério Godoy, que alertou o veículo. Após isso, a Folha divulgou na seção 'Erramos' uma correção que informava apenas que a autoria da ilustração não era de Alice Abramo, mas de Yau Hoong. O texto dava a entender que o caso era apenas uma troca de créditos e por isso foi criticado pela jornalista.“Faltou contar isso ao leitor, expor o problema com transparência. A correção publicada parecia tratar de um simples equívoco, de troca de créditos, na montagem da página”, disse.

Suzana comentou que, além da questão da autoria, o caso traz reflexão sobre o uso das ilustrações no jornal. "Dos grandes jornais, a Folha é o que mais usa ilustração. Cada colunista tem o seu desenhista e algumas reportagens lançam mão de desenhos para suprir a falta de fotos. Em uma semana, 49 artistas diferentes publicam no jornal - sem contar os autores dos quadrinhos".

Para a Ombudsman é "louvável" que a Folha dê espaço para novos talentos, mas é preciso não exagerar na dose. "Se é para manter uma vitrine tão variada de ilustradores, é preciso melhorar os mecanismos de controle", explicou.

O caso resultou no desligamento de Alice, que deixou o veículo depois de dois anos, segundo informou Suzana.