quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Ai do escândalo “Forbes”!
Uma bomba caiu sobre alguns segmentos evangélicos há poucos dias. A revista “Forbes”, uma conceituada publicação especializada em medir riquezas, apontou pastores que seriam os principais milionários do segmento no Brasil. Pela ordem, Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia, RR Soares e o casal Hernandes. As fontes desses dados seriam órgãos federais brasileiros, notadamente o Ministério Público. Verdade parcial ou total, eu não sei. O que sei mesmo é que isso escandalizou ainda mais o evangelho em nosso país. É nisto que vou me deter.
Ai dos escândalos! Este foi um lamento profético de Jesus acerca do destino que aguarda o homem ou a mulher que lançar tropeço no reino de Deus na Terra. O Mestre defende que seria melhor o sujeito ser lançado na profundeza do mar com uma grande pedra atada ao pescoço. Com isto, dá para medirmos esse “ai”. Um pesado juízo está anunciado contra essas pessoas ou contra a revista Forbes. Sobre os primeiros, se a fortuna foi acumulada com dolo, manipulação, dissimulação e uso vão do nome de Deus. Sobre a revista, caso a estatística seja falsa, encomendada, ou, mesmo sendo verdadeira, se os patrimônios indicados não contêm a gênese podre a que me referi antes.
O resultado do escândalo é evidente. No programa de oração que faço há seis anos no rádio, pessoas ligaram para perguntar se porventura eu não era “mais um deles”. Entendi a dúvida. O escândalo foi estabelecido. Então, é de se esperar que importantes obras assistenciais e de evangelização sofram ainda mais em suas minguadas receitas. Começamos a entender melhor aquele “ai”. Projetos missionários podem ser atrasados por alguns anos. Vidas prontas a servir honestamente em outras nações podem ficar em casa. Ai! Haverá menos doações. Menos comida para os pobres. Menos caixa para socorrer os verdadeiros necessitados. Igrejas podem deixar de ser construídas. Menos Bíblia. Menos orações. Era bem melhor os falsários irem dormir de vez no pélago profundo.
A morte trágica seria doce diante do que espera os verdadeiros causadores do escândalo “Forbes”. Muita gente que se espelhava nos líderes citados pode retroceder. Caindo o exemplo humano, pode cair a referência que fazia tantos procurarem a fé. Milhares poderão morrer sem jamais adentrarem um templo doravante, simplesmente por causa do ranking anátema. Crescerá o preconceito e a discriminação religiosa. Homens de Deus serão chamados de ladrões. “Ai”. Ladrões serão chamados de homens de Deus. Mil vezes “Ai”.
Imaginemos que por causa da Forbes muita gente despreze a Bíblia e a salvação. Confusos, apostatem da fé, indo parar no tormento eterno. Ai dos que escandalizarem esses pequeninos. Não tem riqueza que pague a eternidade. Ai daqueles que zombam do Calvário. De suas mãos será requerida gota a gota do preciosíssimo amor. Ai dos que chamam o bem de mal e o mal de bem. Ai. Ai. Ai. O mal exemplo propalado entre intelectuais e altos executivos honestos do país não ficará impune. O preço moral disso será mesmo um grande ai, que começará na Terra e ecoará eter
No tocante a Silas Malafaia – caso sejam verdadeiras as acusações –, sobre ele pesa um século de história da maior igreja evangélica do país, a Assembleia de Deus. Será cobrado dele o respeito à memória de Daniel Berg e Gunnar Vingren, fundadores dessa missão. Jovens, ambos chegaram ao Brasil de bolsos vazios. Velhos, cansados e doentes regressaram à Suécia sem a mínima assistência. Antes de morrer em um hospital-asilo naquele país, Berg viveu em Santo André, padecendo necessidades. Vingren desembarcou em 1932 na Escandinávia sem meios de sustentar a própria família. Morreu ano seguinte. Em seu diário, escreveu uma nota de gratidão a Deus quando a igreja de Estocolmo garantiu uma humilde ajuda para a família sobreviver. “Ai”.
Ninguém que enriquece as custas de ofertas para evangelização tem moral para denunciar pecado alheio. Por isso, caso seja verdade o que se diz contra esses ministros, toda vez que algum deles ousar indicar erro de A ou de B, Jesus proferirá um “ai” sobre o mesmo sujeito. Menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra que, para alguém que se intitulando exemplo, escandalize com sua vida a mensagem que insista proclamar. “Ai”.
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RUI RAIOL é escritor.
www.ruiraiol.com.br
Caro pastor e escritor Rui Raiol,
ResponderExcluirCreio que as próprias Igrejas Evangélicas, através de seus órgãos consultivos (que elas certamente os tem) poderiam checar tais informações junto aos órgãos públicos, como Receita Federal e outros e "passar isso a limpo" para o bem de todos, os evangélicos de verdade, que são sinceros na sua adoração e na prática da Palavra e também a opinião pública, que merece saber a verdade.A transparência, no caso, pode evitar maiores estragos nas hostes evangélicas.