terça-feira, 20 de novembro de 2012
Vicente Fonseca lança livro sobre o pai, Isoca
Ao longo da vida, Vicente José Malheiros da Fonseca empreendeu o que ele considera a ‘missão’ de toda uma existência: divulgar a obra do pai, o músico santareno Wilson Fonseca, mais conhecido como Maestro Isoca, cujo centenário de nascimento é celebrado este ano. A dedicação de Vicente está resumida na mais recente homenagem do magistrado e também compositor ao maestro, o livro “A vida e a obra de Wilson Fonseca”, lançado no sábado passado na terra natal de Isoca, Santarém (PA). O lançamento também deve ocorrer na capital paraense no próximo mês. “Primeiro Santarém, depois Belém. Essa é a ordem, você sabe”, brinca o autor. “Era importante lançar lá, na terra dele”, justifica.
A obra sintetiza as pesquisas que Vicente Malheiros vem realizando há anos sobre a trajetória do pai, que morreu em 2002 depois de não resistir às complicações decorrentes de uma queda. O livro traz análises de composições musicais, discografia, bibliografia, influências, parcerias do maestro Isoca, inclusive com os filhos, e fotos.
“Boa parte da produção musical de Wilson Fonseca, que ultrapassa a marca de 1.600 composições, permanece inédita e aguarda pela descoberta de estudiosos e da grande mídia nacional”, descreve Vicente em um dos textos do livro.
Nascido e criado no interior da Amazônia, a obra musical do compositor revela influências do meio em que viveu, mas se projeta para além. “Alheio a modismos ou escolas, tenho dito que Wilson Fonseca jamais se afastou das autênticas raízes nacionais, daí porque a sua música, impregnada de sadio regionalismo, guarda a essência e as características da alma brasileira e, ao mesmo tempo, possui uma dimensão universal, mesmo quando aborda as manifestações folclóricas, a cadência sincopada do maxixe ou o ritmo inconfundível do choro. Nela se observa uma nítida identificação com a herança transmitida por seus grandes mestres (Bach, Ernesto Nazareth e José Agostinho da Fonseca)”, comenta o filho do maestro em um artigo publicado em 2002 e que compõe a publicação.
Ainda sem data para chegar às livrarias, “A vida e obra de Wilson Fonseca” é um importante registro da história e memória musical do Pará. Uma bela e merecida reverência de um filho ao legado do pai.
História e memória vivas
Primeira biografia sobre o maestro, a obra foi publicada pela gráfica do Banco Brasil, no Rio de Janeiro. Nada mais carregado de simbolismo. Wilson Fonseca trabalhou no Banco do Brasil por 31 anos. Foi o primeiro funcionário, aprovado em 1º lugar em concurso público, da primeira agência do interior do Pará. Só deixou o posto em 1972, quando se aposentou. Ao banco, Isoca dedicou a música “BB-130” – Dobrado nº 35 (1990).
Wilson Fonseca nasceu em 17 de novembro de 1912. Cresceu em um ambiente musical criado pelo pai, o alfaiate e maestro José Agostinho da Fonseca (1886-1945). O mestre foi responsável pela formação de inúmeros grupos, orquestras e bandas de Santarém. Dividia a casa entre a alfaiataria e a aulas de música que dava para jovens e quem mais quisesse no local.
Nesse mundo compartilhado, Isoca - apelido dado pelo pai, como de costume para cada um dos rebentos – aprendeu e compartilhou o que sabia. E produziu mais de 1.600 composições e arranjos para canto, piano, conjuntos de câmara, sacras e orquestrais. Fez valsas, toadas, modinhas, boleros, marchinhas, sambas, entre outros gêneros, num acervo musical que vai do erudito ao popular - documentado em 20 volumes, quatro deles já publicados; e nos discos ‘Projeto Uirapuru – Canto da Amazônia’; ‘Encontro com Maestro Isoca’; e ‘Sinfonia da Amazônia’.
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