segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sites ajudam eleitores a acharem candidatos ideais



A 15 dias do primeiro turno das eleições municipais no país, parcela considerável da população ainda se mostra indecisa quanto a que candidato escolher. Ao que indica o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), a média de eleitores indecisos nas três maiores capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeira e Salvador) chega a 8%. Nesse sentido, a função que novos sites se dispõem a desempenhar pode parecer revolucionária.
O portal “Repolítica”, criado em 2010 e atualmente mantido por cinco jovens recém-saídos da Universidade, é um exemplo. O site apresenta o perfil de cada candidato – em 2012, para prefeito e vereador – e o relaciona ao próprio usuário do portal, construído a partir de perguntas que vão de “postura sobre economia” a temas mais específicos de cada município, como a opinião sobre o “recolhimento compulsório de moradores de rua”. No fim do questionário é apresentado o ranking com os políticos que mais se aproximam das características que o eleitor deseja.
Como aponta Daniel Veloso, um dos fundadores do grupo, a principal ferramenta do site visa aproximar candidatos e representados – porém não é a única. “No índice é possível consultar os rankings, para ver quem dá mais prioridade pra educação, quem é tido como mais conservador, liberal... O usuário também pode entrar no perfil de cada político e ver mais informações sobre ele”, diz.
Uma atuação parecida tem sido feita pelo site “Ranking dos Políticos”. A proposta do portal é classificar, do “pior para o menos pior”, vereadores, deputados e senadores brasileiros. O critério de pontuação utilizado para comparar os legisladores abarca temáticas como a fidelidade partidária, assiduidade, crescimento do patrimônio, além do fato de o político propor leis irrelevantes ou ser ficha-suja. Também é possível filtrar a busca por Estado ou partido político.
Para o conselheiro do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e coordenador do Fórum Nacional de Participação Popular, José Antônio Moroni, medidas que procurem resgatar a importância da política na vida das pessoas devem ser apoiadas e incentivadas. Porém, afirma ele, também demonstram a pouca densidade social dos partidos e quanto nosso sistema político não é transparente. “O surgimento destes grupos, ao mesmo tempo em que mostra a vitalidade da sociedade, também demonstra a falência do nosso sistema representativo”, diz.
Uma das razões residiria na distância entre eleitor e candidato, causada pelo próprio sistema eleitoral brasileiro, que privilegiaria o poder econômico do político em vez do debate em si. “Hoje a maioria dos candidatos se preocupa mais com a arrecadação de fundos do que com o contato com seus eleitores. Este desvirtuamento continua depois da eleição, onde o eleito presta contas ao financiador e não ao eleitor”, aponta Moroni.
Para o coordenador do Inesc, por consequência, embora ações de portais como “Ranking dos Políticos” e “Repolítica” sejam importantes, não acabam, por si só, com a indiferença da população. Para Moroni, o processo deveria necessariamente passar pela criação de uma nova cultura política no Brasil, com uma reforma política abrangente e o fortalecimento de mecanismos de participação direta do cidadão nas tomadas de decisões.
Já Daniel Veloso, do Repolítica, analisa de forma mais otimista a questão. “A participação tem sido bastante boa. É um assunto difícil, você fala de política e as pessoas já torcem o nariz. Um dos nossos objetivos sempre foi deixar tudo mais fácil para todo mundo entender, porque a maioria não tem a menor ideia nem de como começar a pesquisar para escolher o candidato. O que a gente faz é dar base para que as pessoas tenham por onde começar a pesquisar. E as pessoas têm curtido bastante o projeto”, afirma.

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