segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Patrimônio histórico corre o risco de desabar

Por EVANDRO SANTOS, para o Espaço Aberto

A histórica igreja de São João Batista, no distrito de Vila do Conde, em Barcarena, corre o risco de desabar. Um parecer técnico emitido pelo Corpo de Bombeiros, em novembro do ano passado, concluiu que a parte da sacristia oferece o maior risco de desabamento. As paredes do templo, construído há mais de 300 anos, apresentam rachaduras e infiltrações.
O telhado está cheio de goteiras e não tem forro. Os fundos da igreja ficam na beira de um barranco, que sofre com a ação da erosão. A comunidade católica da vila já pediu apoio do Poder Público para recuperar a estrutura da igrejinha, mas, até hoje, nada foi feito, segundo os próprios comunitários.
O altar da igreja de São João Batista é a peça mais deteriorada. Ele foi construído em madeira. O cupim já destruiu pequenas partes da estrutura. Além disso, o altar está levemente inclinado para frente. Mesmo com a ameaça de desabamento, os fiéis continuam utilizando o espaço para realizar os cultos.
No parecer emitido pelos bombeiros em 2011, a recomendação era para que apenas a sacristia da igreja não fosse mais usada. Tombada pelo município, a igreja de São João Batista é um patrimônio histórico de Barcarena.
Em seus altares estão imagens de santos como as de Nosso Senhor dos Passos, São Francisco Xavier, São Miguel Arcanjo, Santo Inácio de Loyola, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a do padroeiro, São João Batista. Na lateral esquerda do altar, há uma redoma de vidro onde fica uma imagem grande de Jesus Cristo deitado.
O coordenador da comunidade, Antônio Palheta, lamenta a situação da igreja. Para ele, é triste ver um patrimônio histórico acabar, sem o apoio e a valorização das autoridades. Palheta informou que a comunidade já procurou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para pedir a reforma do templo.
No entanto, a solicitação esbarra na burocracia. O Iphan só restaura edifícios tombados pela União, o que não é caso da igreja de São João Batista, em Vila do conde. A assessoria da empresa Imerys Rio Capim Caulim, que desenvolve ações sociais na vila, disse que nunca recebeu pedido formal de ajuda para a igreja.
O abandono da igreja é um reflexo também da estrutura existente no distrito. Vila do Conde é uma parte de Barcarena que fica às margens da Baia do Marajó. Os moradores mais antigos dizem que a localidade anda esquecida pelo poder público há muito tempo. As ruas estão cheias de buracos e falta água potável nas torneiras. Os moradores dizem ainda que vivem sobressaltados com as notícias de contaminação da praia e andam com medo do tráfico de drogas na vila.

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