sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O espetaculoso falatório no Supremo

Mas que coisa, hein?
No primeiro dia de julgamento do mensalão, tivemos um espetáculo.
Tivemos um espetaculoso falatório.
A Corte gastou horas para apreciar um tema que já fora debatido: a velha questão da prerrogativa de foro e a consequente supressão do duplo grau de jurisdição.
Vamos admitir como plausível a ponderação do ministro-revisor, Ricardo Lewandowski, de que a competência pode ser debatida a qualquer tempo.
Perfeito. Pode.
Vamos admitir ainda que o ministro precisasse de um tempinho para expor o seu posicionamento, em favor do desmembramento do processo.
Admitamos, por terceiro, que essa exposição tivesse relevância, porque, como Sua Excelência mesmo alertou, suas consequências estavam cingidas a um dos mais bens mais preciosos de qualquer pessoa: a liberdade.
Admitidos esses fatores, pergunta-se: mas o ministro precisava gastar todo aquele tempão para expor a íntegra do seu voto?
Por que não o resumiu?
Por que não enfrentou os pontos principais da questão e os enfatizou?
Não sabia o ministro que ali, naquele momento, estava fazendo uma exposição para seus iguais, para seus pares, que já sabem de tudo aquilo de cor e salteado?
Por que, enfim, não se abreviou aquele debate?
É também – observem no também - por isso que o Supremo está atopetado de processos.
Suas Excelências falam demais.
Expõem demais.
Debatem demais.
A título de quê?
A propósito de quê, se muitas e muitíssimas questões podem ser aceleradas?
Se debates como esse, demorados e prolongados além da conta, perdurrem, o mensalão será, sim, julgado em agosto.
Mas em agosto de 2050.
Podem apostar.

3 comentários:

  1. Anônimo3/8/12 12:25

    Por essas e outras que admiro, cada vez mais, a Ministra Carmen Lúcia, que normalmente em seus votos é curta e direta, como ontem, com exceção dos processos em que é relatora, por motivos óbvios.
    Jorge Alves

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  2. Anônimo3/8/12 14:20

    Curioso é que o Ministro fez defesa do desatrelamento, que a propósito já levou escrita, com a mesmíssima fundamentação do ex-ministro da justiça (?) e requerente. Quanta coincidência!

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  3. As Excelências gostam é de platéia,
    de aparecer...
    Essa é que é a verdade!!!

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