quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lixo pode ser solução


Lixo, insegurança nas ruas esburacadas e mal iluminadas, além da falta de transporte coletivo decente são alguns dos problemas que estão sufocando Salinas. Todavia, não podemos esperar só pelos governantes, pois eles também vão passar. Com apoio da iniciativa privada, uma Associação civil, sem fins políticos ou lucrativos, pode fazer a diferença. Por exemplo: economistas amigos de Salinas poderiam elaborar um projeto de coleta, reciclagem e industrialização de todo o lixo deixado nas praias, gerando valor agregado, emprego e renda ao invés de degradação ambiental. É o que preconiza o economista Antônio Ximenes, presidente do Corecon, para quem "lixo só é lixo se não for aproveitado".
Em Mosqueiro, Marudá, Alter-do-Chão e outras praias, o impacto ambiental do fim de tarde é quase o mesmo: garrafas PET e de vidro, sacolas plásticas, cascas de coco e outras embalagens nas areias compõem um cenário de terra ( praia) arrasada. Como bem observa Marcos Wilson, coordenador da ONG No Olhar, "as prefeituras são responsáveispelo recolhimento e manejo do lixo, mas as pessoas que deixam seu lixo na praia são tão responsáveis quanto o poder público. E todos serão prejudicados, pois os dejetos jogados nas praias são levados pelo mar (ou rios) matando os peixes e afetando a vida de pescadores e de toda a população, gerando um grande problema social de efeito imediato. - “É muito comum ouvir as pessoas cobrando das prefeituras a coleta de lixo nas praias, mas ninguém fala sobre a destinação do seu próprio lixo. Essa consciência é o que falta para a sociedade hoje”, lamenta Wilson.
Para Jonas de Jesus, coordenador da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável, nem todas as cidades têm cooperativas organizadas como as da capital, por isso, o lixo acaba absorvido pelo meio ambiente. “A cobrança de politicas de coleta seletiva e incentivo às cooperativas precisam ser feitas pelo cidadão. A Lei de Resíduos Sólidos já existe e os lixões já foram condenados, porém, as prefeituras seguem pagando milhões de reais anualmente para poucas empresas que realizam coleta. Desta forma, somente as empresas, que por sinal costumam ser grandes patrocinadoras de campanhas eleitorais, lucram com o lixo”, denuncia o coordenador da Concaves.
A reciclagem de resíduos sólidos movimenta bilhões de reais anualmente em todo o Brasil. “O lixo não deveria ser problema, e sim uma solução de alto valor agregado. Deixar que os dejetos depositados nas praias acabem causando danos ambientais não é só uma irresponsabilidade como um grande desperdício”, afirma Antônio Ximenes.
A precariedade dos processos de reciclagem deixam de gerar um grande lucro para os catadores e empresas em geral. “Todos sabem que é muito mais barato e socialmente viável processar o lixo do que produzir matéria-prima nova. Portanto, prefeituras do Pará deveriam estar atentas a esta oportunidade e incentivar as cooperativas e a coleta seletiva”, afirma Ximenes.
Então, que tal "refundarmos" a Associação dos Amigos de Salinas para tentar encontrar soluções para problemas como o do lixo nas praias, que podem ser asumidos pela iniciativa privada e por cidadãos bem intencionados através de cooperativas como a Concaves ?
Outros projetos poderão ser oferecidos a empreendedores privados como, por exemplo, dotar Salinas de modernos ônibus no estilo jardineira para o transporte coletivo decente de moradores e veranistas.
Associação dos Amigos de Salinas, com essas e outras propostas, será brevemente "refundada" em reunião pública, com data, local e horário que serão divulgados na imprensa. Você que ama Salinas está desde logo convidado.
A Associação não terá donos, nem caciques, nem lobistas, só voluntários. Sua Comissão Provisória será eleita no ato da reunião. A maior credencial para filiação de seus membros será o seu amor por Salinas.

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@yahoo.com.br

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